Conferências

Dia 1
05 Maio 2019
Dia 2
06 Maio 2019
Dia 3
07 Maio 2019
Dia 4
08 Maio 2019
Dia 5
09 Maio 2019

A linguística, esta ciência que nos identifica e nos envolve

Conferencista: Maria Helena Mira Mateus

Vagas: 650

A parte inicial da conferência desenvolve e exemplifica a afirmação de que, no âmbito do estudo da linguagem, sempre conviveram diversas formas de conhecimento que vão das abordagens filosóficas e históricas às construções teóricas e formalizadas, passando pelas descrições pré-teoréticas e pelas aplicações em domínios de grande diversidade. Na segunda parte da conferência apresentam-se instrumentos de análise linguística decorrentes da interação entre lógica e matemática. Em relação à investigação atual, explicitam-se alguns exemplos da contribuição da ciência genética para a discussão da natureza da linguagem e apresentam-se as perspetivas criacionista e evolucionista como campos de investigação na aquisição de sistemas de conhecimento, com especial menção à aquisição da linguagem.

Nas fronteiras da linguagem, uma geração: da rebeldia e da responsabilidade

Conferencista: Eni Orlandi

Vagas: 250

Anos 60/70 do século XX. No mundo todo havia movimentos de explosão em relação ao que existia e era contestado pelos jovens em suas propostas de novos sentidos. Rebeldia, confrontos, explosão de limites. Nós, tínhamos confrontos diferenciados, mas nem sempre distintos: com as tradições e com a ditadura.

Dar às inovações e aos inovadores uma “voz” – A pesquisa da Prosódia como um impulsionador do progresso tecnológico e do empreendedorismo

Conferencista: Oliver Niebuhr

Vagas: 250

A comunicação oral é tipicamente pensada em termos de palavras. De fato, as palavras são importantes, mas o que realmente impulsiona as relações privadas e de negócios é a voz, ou seja, as variações sistemáticas que os falantes produzem em tom, volume, tempo, ritmo e timbre. Os seres humanos são seres sociais. Emoções, atitudes, sinais de hierarquia social e indicações de dor e estresse são, em primeiro lugar, transmitidas pela voz do falante. Se as palavras fossem suficientes, trocar cartas ou mensagens de texto curtas também seria suficiente, e uma grande invenção nunca teria sido tão bem-sucedida como foi: o telefone.

Foi exatamente há 140 anos (1878) que o fonoaudiólogo e inventor escocês A.G. Bell iniciou a primeira chamada de longa distância de Boston para Nova York. A Bell Telephone Company começou com 778 clientes. Seu número cresceu rapidamente para 3.000. No início da década de 1880, a empresa já tinha mais de 100.000 clientes; e, na virada do século, havia bem mais de um milhão de pessoas que usavam telefones regularmente. Hoje, a quantidade de contratos por telefone excede a quantidade de pessoas no planeta.

Mas qual foi a próxima grande invenção relacionada às vozes humanas depois do telefone? Respostas espontâneas e inquestionáveis não são fáceis, exceto, talvez, interfaces homem-máquina como Alexa e Siri. No entanto, gostamos mesmo de conversar com essas interfaces? Apesar de serem muito boas na compreensão e na produção de palavras, seu tom de voz nos faz rir e muitas vezes nos parece estranho ou até mesmo inapropriado.

O que se argumenta aqui é que a combinação de recursos da voz humana com o avanço tecnológico da atualidade possui um tremendo potencial de inovação. Um vislumbre desse potencial é delineado, com base em uma pequena seleção de exemplos de várias áreas da tecnologia (de informação). Essas áreas abrangem desde tecnologia médica, passando por sistemas de aprimoramento de fala até tecnologia persuasiva e design de som.

Operações fundamentais da linguagem: reflexões sobre o design ideal

Conferencista: Noam Chomsky

Vagas: 650

 Participação por Webconferência

Há 20 anos, em falas realizadas em Brasília, eu sugeri que nós poderíamos descobrir um dia que a faculdade da linguagem FL é “belamente desenhada, uma solução quase perfeita para as condições impostas pela arquitetura geral da mente-cérebro em que está inserida, um outro exemplo de como as leis naturais operam de maneiras maravilhosas”, de modo que a linguagem é mais como um floco de neve, e pode-se esperar que o design quase perfeito imponha ineficiência de uso. Eu acrescentei que “isso são fábulas” com o valor redimível de que elas “podem até vir a ter alguns elementos validáveis”.

Desde então, razões sólidas têm sido encontradas para sugerir que essas esperanças foram subestimadas, e que a “fábula” – A Tese Minimalista Forte – parece ter uma validade considerável. Um número de propriedades marcantes e intrigantes da FL – “universais da linguagem” no sentido contemporâneo – tem sido apresentado para derivar desde a operação computacional mais simples, Merge (Concatenar), até condições de eficiência computacional que são efetivamente parte das leis naturais. E como previsto, elas realmente impõem ineficiência comunicativa.

Mas o conceito de Merge que tem sido utilizado nessas pesquisas tem sido colocado em aberto de maneiras que permitem aplicações inaceitáveis, geralmente apresentadas como explicações, apesar de elas serem melhor compreendidas, eu penso, como descrições de problemas a serem resolvidos. Precisamos de uma compreensão mais profunda do que parecem ser os mecanismos fundamentais da linguagem. Uma abordagem natural é considerar as condições gerais que as operações da linguagem devem satisfazer e derivar a partir delas um refinamento de Merge que é discutivelmente ótimo e que se restringe a aplicações legítimas, deixando os enigmas a serem resolvidos.

Irei revisar recentes passos que foram dados para alcançar esses objetivos e também para aperfeiçoar e melhorar os conceitos relacionados à GU (Gramática Universal).

Reconstrução além das proto-linguagens no Andes Central

Conferencista: Willem Adelaar

Vagas: 220

A questão da natureza da relação existente entre as duas principais famílias linguísticas andinas, aiamarana e quíchua, dividiu os linguistas históricos e outros pesquisadores por pelo menos quatro séculos. Poderiam as numerosas semelhanças entre esses dois grupos linguísticos ser atribuídas à herança comum, ou ao contato linguístico e ao empréstimo extensivo? Pesquisas recentes têm mostrado que profundas diferenças formais na morfologia e na estrutura das raízes, bem como a relativa escassez de elementos compartilhados no vocabulário básico de ambas as famílias linguísticas, favorecem a conclusão de que o contato linguístico e o empréstimo extensivo podem explicar a maioria das semelhanças, ao invés da herança comum. Ao mesmo tempo, os resultados esclareceram que a maioria dos elementos compartilhados foi trocada durante ou antes da gênese das proto-línguas de ambas as famílias, porque todas as línguas atuais, embora conservadoras, preservam traços persistentes desse contato inicial. Posteriormente, tornou-se possível desenvolver critérios para a atribuição de elementos compartilhados a uma ou outra das duas linhagens linguísticas e, assim, estabelecer perfis das principais características de cada linhagem antes do primeiro contato. Um passo final seria uma reavaliação da questão de saber se as duas linhagens poderiam ser genealogicamente relacionadas em algum nível histórico mais remoto.

Uma visão de como a teoria linguística e a pesquisa em aquisição podem enriquecer a pedagogia

Conferencista: Tom Roeper

Vagas: 220

É mais do que tempo que os frutos da teoria lingüística e seus desdobramentos na pesquisa de aquisição sejam trazidos para o currículo da pré-escola e do ensino fundamental. Existem quatro domínios onde a pesquisa teórica mais profunda e significativa pode ser diretamente relevante para as vidas, experiências e necessidades das crianças:

1)

  1. Recursão. [por exemplo. o gato ao lado do cachorro ao lado do cavalo ao lado da vaca)
  2. Quantificação [por exemplo, toda criança precisa ler dois livros.]
  3. Elipse [John empurrou seu carro, e assim fez Bill]
  4. Regras de longa distância [onde John disse que pensou ter deixado sua carteira? ]

Em cada uma dessas áreas, a sofisticação intrínseca e as demandas de interface levam as crianças a terem dificuldades. Não é claro se a exposição cotidiana à linguagem é de fato rica o suficiente para ajudar as crianças. A recursão indireta em sentenças, SPs, orações relativas, possessivos, adjetivos e nomes compostos não é claramente produtiva até que as crianças atinjam 9-10 anos (ver Perez et al (2018)). Possessivos e adjetivos recursivos não são compreendidos de forma confiável até 6-8 anos , orações relativas e SP’s são adquiridos mais cedo (cerca de 5 anos) e os compostos mais tarde (7-8 anos). Notavelmente, há uma enorme variação entre os Indivíduos, o que sugere que a presença dessas construções no currículo escolar ajudará aqueles para os quais a exposição diária é insuficiente. É, de certo modo, uma extensão da percepção medieval de que rimas infantis com recursão são úteis (esse é o gato que perseguiu o rato que comeu o queijo que mamãe comprou).

Possessivos: Embora seja normal na patologia da fala (ver teste DELV) testar se uma criança entende:

2)

a. O chapéu do John

O que muitos já fazem aos 5 anos, nós normalmente não damos o próximo passo e perguntamos sobre

b. O chapéu do amigo do John

Em nossa pesquisa, descobrimos que (b) será respondida como se fosse: o chapéu do John e o do amigo e os chapéus de cada pessoa são apontados.

SPs: Muitos outros experimentos envolvendo SPs já foram desenvolvidos tanto em inglês, quanto em português e mesmo em línguas indígenas brasileiras, podendo ser facilmente convertidos em atividades instrutivas e divertidas em sala de aula, pois experimentos demonstram que as crianças apreciam esses desafios. (Você pode colocar o cachorro por cima do gato sob o cavalo ao lado da cadeira?)

Adjetivos: Crianças aos 3 anos dirão espontaneamente: “Eu tenho um caminhão pequeno grande” com adjetivos recursivos. Aos 5 anos diante de um conjunto de caminhões pequenos grandes, dos quais um é um pouco menor, as crianças vão dizer “Olha aqui um caminhão pequeno grande pequeno”.

Recursão Abstrata: Existe um potencial real, atualmente sendo pesquisado, de que se a forma abstrata de recursão estiver envolvida, então uma forma de recursão desencadeará outra. Em particular, acreditamos que a abstração pode cruzar a direção de ramificação (orações relativas à direita podem desencadear possessivos à esquerda).

Matemática: Benefícios ainda mais profundos também podem ser atingidos. Se os mesmos princípios subjazem a construção de materiais matemáticos, então outras dimensões do desenvolvimento mental podem também ser positivamente impactadas. Chomsky (2005) previu que o Princípio do Sucessor em matemática poderia ser gerado pelos mesmos princípios linguísticos. De fato, encontramos em nossa pesquisa uma correlação muito significativa entre as crianças que podem entender frases como o chapéu do gato do cavalo do cachorro e a capacidade de contar além do número 109, onde o sistema de 1 a 9 é incorporado em dezenas e centenas.

Elipsis: Nem todas as línguas permitem que o Sintagma Verbal seja elidido, por isso as crianças devem adquirir essa construção – não é? Na realidade, se você der a uma criança três pessoas (John, Bill, Fred), cada uma empurrando seu próprio carro e, então, pedir à criança para representar a ação:

3) John empurrou seu carro, e assim fez Bill.

Algumas crianças permitirão que Bill empurre o carro de Fred, enquanto os adultos não o farão.
Mesmo aquelas que já fazem a leitura distributiva adequadamente, se beneficiarão à exposição a contextos nítidos em que a interpretação correta faz a diferença.

Quantificação: as crianças nem sempre entendem o escopo corretamente, mas frases com diferenças de escopo são usadas todos os dias na sala de aula. Se um professor disser: “cada criança precisa ler dois livros”, eles devem ser iguais ou diferentes?

Regras de longa distância: as crianças às vezes entendem mal orações subordinadas substantivas como se fossem principais (e os adultos também permitem isso). Se perguntarmos:

4) João disse que vai chover?

E você responder “sim”, isso significa que João disse ou que vai chover? O mesmo problema surge quando perguntamos:

5) Onde você decidiu ir?

Queremos dizer “onde você decidiu” ou para você vai?

Em geral, um currículo cuidadoso, no qual cada tipo de construção é introduzida, enriquecerá e fará avançar o conhecimento das crianças. Seria como o Projeto HeadStart, que fez muito sucesso nos EUA para desenvolver linguagem entre crianças desprivilegiadas. Esperamos que essas ideias possam instigar a rica imaginação de professores que, frequentemente, têm maneiras inovadoras de apresentar novas ideias.

Um processo fonológico, seu uso e suas múltiplas faces: a palatalização das oclusivas dentais no Português Brasileiro

Conferencista: Dermeval da Hora

Vagas: 250

A palatalização das oclusivas dentais no Português Brasileiro é um processo recorrente em diferentes regiões, e já estudado por inúmeros pesquisadores (Lopez, 1980; Bisol, 1981; Hora, 1990; Pagotto, 2001; Battisti e Dronelles Filho, 2016, Hora et al., 2017, etc.), cada um deles aplicando um modelo teórico que possibilita diferentes análises, desde estudo puramente formal até sua interface com dados variáveis numa perspectiva laboviana (Labov, 1966, 1972). A palatalização resultante de uma assimilação regressiva, a exemplo de ‘poti’ [pɔ’ti] ~ [pɔ’tʃi], ‘pote’ [‘pɔti] ~ [‘pɔtʃi] é bastante produtiva, ao contrário daquela que resulta de uma assimilação progressiva, como em ‘peito’ [pejtu] ~ [pejtʃu] ~ [petʃu]. O ponto de partida para essa fala é o dialeto paraibano, com dados de uso que fazem parte do Projeto Variação Linguística no Estado da Paraíba (VALPB) em duas perspectivas: de um lado, uma amostra em tempo aparente; de outro, uma amostra em tempo real, resultante do recontato com falantes que fizeram parte do Projeto VALP original. É nosso objetivo mostrar uma evolução dos estudos sobre esse processo, que no PB é tão controverso, iniciando com a perspectiva formal, nos moldes gerativos ortodoxos, até uma perspectiva não linear com base na teoria autossegmental (Goldsmith, 1976). Na sequência, serão apresentados resultados de estudos variacionistas, na perspectiva laboviana, culminando com avaliação que leva em conta estudos de atitude e de percepção, tendências mais atuais dos estudos de cunho sociolinguístico.

Teorizando sobre a sintaxe da linguagem humana: uma alternativa radical aos formalismos gerativos

Conferencista: Geoff Pullum

Vagas: 220

Qualquer teoria da sintaxe deve dar conta do tipo de estrutura que as orações e outras expressões têm, e de como são as gramáticas. Desde a década de 1950, tornou-se padrão, quase universal, assumir que estruturas de sentença são derivações transformacionais e gramáticas são sistemas que “geram” conjuntos de derivações. Mas a perspectiva gerativa não é a única maneira de conceber gramáticas. Argumento aqui que as gramáticas gerativas são curiosamente inadequadas para explicar certas propriedades familiares e incontroversas das linguagens humanas. Eu delineio uma proposta alternativa de formalizar teorias sintáticas. Ela define gramáticas como conjuntos finitos de afirmações verdadeiras em certos tipos de estrutura (por exemplo, certos gráficos rotulados) e falsas em outros. As declarações fornecem uma descrição direta da estrutura sintática (eu argumento que as gramáticas gerativas não o fazem). Muitos aspectos dos dados linguísticos parecem bem diferentes quando vistos dessa maneira. Vou esboçar as duas posições informalmente, evitando detalhes matemáticos e apontando para alguns fenômenos que claramente destacam as vantagens de estruturas não-gerativas.

Variação individual versus comunitária em fonética e fonologia

Conferencista: Andries Coetzee

Vagas: 250

A tradição de pesquisa fonética / fonológica das últimas cinco ou seis décadas tendeu a tratar as línguas como sistemas predominantemente invariantes que pode ser submetido à descrição e análise (por exemplo, a estrutura silábica da línguas X, a acústica das sibilantes na línguas Y, etc.). Pesquisas mais recentes, no entanto, têm procurado reconhecer a variação entre falantes individuais, mesmo dentro da mesma comunidade de fala. Nesta apresentação, revisarei a mudança de foco das línguas como sistemas invariantes para seus falantes individuais, e questionarei a relação entre os indivíduos, as comunidades de fala das quais eles participam e as línguas (ou variedades) que falam. Mostrarei que essas relações são complexas e multifacetadas e defenderei que qualquer compreensão abrangente da capacidade humana para a linguagem requer uma compreensão da complexa dinâmica dessas relações. A apresentação se baseará principalmente na variação fonética observada em três diferentes comunidades de falantes de africâner, cada um tendo uma relação diferente com a língua e a identidade a ela associada: os falantes do chamado africâner “padrão” e o africâner “de cor” na África do Sul, e falantes de uma pequena comunidade de expatriados na Patagônia, Argentina. Argumentarei que a compreensão dos padrões únicos de variação em cada uma dessas comunidades depende da compreensão de como os membros das comunidades se relacionam com as comunidades de fala das quais participam e com a maior identidade cultural associada à língua.

Que linguagem é a nossa?

Conferencista: José Morais

Vagas: 220

A maioria das pessoas do nosso meio são alfabetizadas. O principal objetivo da minha apresentação é examinar em que aspectos, em que medida e como, nossa linguagem letrada difere da de analfabetos ou alfabetizados pobres. Vou desafiar a visão dominante em linguística e ciência cognitiva que descreve como universal uma linguagem que é claramente característica de pessoas alfabetizadas. Argumentarei que a alfabetização mudou drasticamente pelo menos os seguintes aspectos da linguagem e cognição: conhecimento consciente da linguagem, processamento da linguagem falada nos níveis lexical e sintático da estrutura, organização neural do sistema de linguagem, memória verbal, conhecimento conceitual e raciocínio. .

O impacto da escrita no desenvolvimento humano cognitivo tem sido maravilhoso, mas, como é comum com as tecnologias, a alfabetização e os resultados de alfabetização que gerou têm sido desde então o privilégio das classes dominantes. Os alfabetizados e os cientistas, em particular, devem estar cientes de que a alfabetização e a ciência são usadas como instrumentos para o domínio social nas novas formas de capitalismo e governança. A educação para a alfabetização também deve ser educação para uma verdadeira democracia. Isso implica uma grande questão: o que devemos fazer agora?

Sobre o papel da cultura na gramática e na cognição

Conferencista: Dan Everett

Vagas: 650

Esta palestra fornece uma visão geral de algumas pesquisas recentes sobre como a cultura está implicada na compreensão da cognição humana. Em particular, reviso estudos sobre a influência da cultura na memória de curto prazo, na percepção visual, na gramática, na cognição numérica e na evolução da linguagem. Também forneço uma lista de desideratos para metodologia de pesquisa sobre as conexões entre cultura e cognição e uma direção para pesquisas futuras.

Falar atravessado e xacoco: o racismo linguístico do Brasil

Conferencista: Marcos Bagno

Vagas: 300

O racismo é constitutivo da sociedade brasileira, de modo que ele se manifesta em todas as esferas públicas e privadas, incluindo a produção e a reprodução do conhecimento institucionalizado. Desde que se iniciou o debate em torno das características particulares do português brasileiro, gerações de intelectuais – escritores, filólogos, linguistas, professores -, todos homens, brancos e da elite, têm se empenhado em negar o impacto avassalador das línguas africanas e seus falantes na constituição da língua majoritária da nossa população, população hoje em sua maioria negra e mestiça, sujeita à violência simbólica e física, quando não a um genocídio sistemático. O conferencista passará em revista as diversas manifestações desse racismo linguístico, desde o período pós-independência até os dias de hoje, delineando a formação bicentenária de um discurso que, sob falsas premissas de cientificidade, contribui para a preservação de um modelo de sociedade injusto, excludente e segregador.

Atenção: esta conferência acontecerá no Pier Zero8, em Marechal Deodoro, lugar da Balada da ABRALIN. A participação na conferência não está condicionada à adesão à essa atividade comemorativa.