Organizadores: Lucília Maria Abrahão e Sousa e Dantielli Assumpção Garcia
O pensamento de Michel Pêcheux nos convoca a uma posição de escuta permanente do político e do poético na língua, cujos efeitos se desdobram em constante movência. Isso tem relação com o fato de que o sujeito não pode saber exata e todamente sobre os sentidos que produz, não controla tudo o que diz e tampouco pode assenhorar-se de modo absoluto da maneira como esboça seus movimentos de dizer sobre o mundo. Posto isso, partimos da assertiva de que teorizar sobre língua e rede digital reclama considerar o sujeito e(m) sua posição no momento da enunciação na relação disso com a ideologia e também com a divisão do sentido, ou seja, com a contradição dos sentidos que sempre podem se movimentar e vir a ser outros. A interpelação ideológica, nesses termos, naturaliza certa forma de dizer, fazendo-a imaginariamente parecer a maneira mais evidente e óbvia de cristalizar sentido a palavras que o sujeito toma como suas. Como essa operação nunca se dá de maneira exata, como a comunicação nunca é plena e como a captura imaginária é apenas uma dentre várias outras, há sempre espaço para o furo, o deslizamento, a ambiguidade, o equívoco, o tropeço na língua e no dizer do sujeito; disso deriva a poesia e o político em constante jogo. Da primeira, dizemos que é o redobramento de um efeito sobre si mesmo, remoldurando em forma de origami o tecido onde algo estava estabilizado; do político, a possibilidade de um vir a ser sempre diferente e outro dos sentidos engessados do/pelo poder em suas formas de inscrição sócio-histórica. Neste simpósio, intentaremos promover um momento de reflexão sobre tais bases conceituais da Análise do Discurso e serão acolhidas pesquisas de cunho teórico e/ou analítico que trabalhem analisando diferentes materialidades discursivas dispostas na rede digital (ou fora dela) em que o poético e/ou o político gritam e dizem sobre os sujeitos, os sentidos e suas relações com a ideologia, a história e a língua. Por fim, tentaremos neste simpósio produzir um espaço de escuta e de análise dos rumores que estão em funcionamento constante na contemporaneidade tão afetada pelas tecnologias. A proposta desse simpósio justifica-se por buscar criar um espaço de escuta de diferentes pesquisas de cunho teórico e/ou analítico, por isso não poderia ser em formato de comunicação individual, que trabalhem analisando diferentes materialidades discursivas dispostas na rede digital (ou fora dela) em que o poético e/ou o político marcam um dizer sobre os sujeitos, os sentidos e suas relações com a ideologia, a história e a língua.
Organizadoras: Elizabete Aparecida Marques e Maria Cristina Parreira
Vagas: 100
Organizado pelo Grupo de Trabalho de Lexicologia, Lexicografia, Terminologia da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Letras e Linguística (GTLex/ANPOLL), este simpósio se propõe a reunir trabalhos teóricos e analíticos que tenham como objeto o léxico de uma língua natural ou trabalhos contrastivos entre duas ou mais línguas. O simpósio busca reunir estudiosos, pesquisadores e demais especialistas que, além do interesse pelo léxico, possam contribuir para as reflexões e discussões no âmbito das ciências do léxico. O objeto central deste simpósio constitui-se, portanto, em torno de concepções, princípios e pressupostos, além das perspectivas,desafios e tendências atuais na área dos estudos lexicais, com vistas a dialogar com o tema do evento. As discussões ocorrerão mediante a apresentação de trabalhos que contemplem diferentes olhares sobre o léxico e as inúmeras relações a ele vinculadas. Espera-se que sejam apresentados resultados de pesquisa cujas reflexões considerem, sobretudo, questões relacionadas às diferentes disciplinas das ciências do léxico e que focalizem tendências atuais de pesquisas sobre o léxico, bem como as suas interfaces com outras áreas do conhecimento. O simpósio acolherá trabalhos voltados à Lexicologia, considerando-se os estudos onomásticos, neológicos e dialetais; à Lexicografia, tanto teórica como prática; à Terminologia e Terminografia, levando-se em consideração trabalhos que se insiram nos estudos terminológicos ou terminográficos monolíngues ou bilíngues e à Fraseologia e Paremiologia, consideradas em todas as suas vertentes teóricas.
Organizadora: Tania Maria Nunes de Lima Camara
Refletir acerca do ensino da língua materna a falantes nativos constitui um dos principais objetivos dos estudos linguísticos contemporâneos. Debates e encaminhamento de propostas pedagógicas surgem no intuito de buscar a consecução de um dos principais propósitos dessa reflexão: o ensino da língua portuguesa como educação linguística, pautada no uso da língua em diferentes contextos – gêneros e domínios discursivos. O papel de formar um cidadão capaz de usar, de maneira proficiente, a língua materna ao produzir textos orais e escritos, em situações com diferentes graus de formalidade, evidencia-se, pois. Questionamentos importantes advêm desse propósito essencial: a) será esse o trabalho que está sendo, efetivamente, realizado em sala de aula hoje? ; b) estará o aluno em contato com o texto, tanto na condição de ouvinte/leitor, quanto na de falante/ escritor, refletindo acerca das escolhas linguísticas realizadas, com vistas à produção de sentidos? ; c) ocupará verdadeiramente o texto papel central na prática pedagógica? ; d) estará o material didático utilizado adequado à consecução dessa finalidade maior? Assim, refletir e apresentar caminhos possíveis no tocante a essas questões, entre outras possíveis, constitui o objetivo principal do presente Simpósio, um espaço de apresentação de pesquisas concluídas ou em andamento, bem como de práticas de ensino de Língua Portuguesa em seus múltiplos aspectos: exposição oral, leitura e produção de textos orais e escritos, reconhecidas as escolhas fonológicas, morfossintáticas, semânticas, pragmáticas realizadas, em seus diferentes graus de funcionalidade e expressividade, adequadas à situação comunicativa. As bases teórico-metodológicas fundamentam-se em Antunes (2010; 2015); Bakhtin (1992; 2013); Bortoni-Ricardo (2012; 2014); Castilho (2010); Cressot (1947); Fiorin (2015); Franchi (2011); Garcia (2006); Guedes (2006; 2009); Maingueneau (2015); Marcuschi (2008); Martins (2008); Neves (2010; 2015); Rojo (2012; 2015); Simões (2010), entre outros autores. O simpósio terá a duração de 3 horas e contemplará a apresentação de 10 trabalhos, selecionados por processo de avaliação anônima. Cada um dos trabalhos disporá de 15 minutos de duração e os 30 minutos finais, destinados a discussões.
Organizadoras: Rosane Silveira e Denise Cristina Kluge
A fonética experimental tem contribuído cada vez mais para o desenvolvimento de teorias fonológicas. Atualmente, os pesquisadores têm acesso a inúmeros programas (ex.: PRAAT, TP-Worken, VocalTractLab, DMDX, PHON) que permitem descrever com maior riqueza de detalhes os segmentos e a prosódia da fala, incluindo dados acústicos, perceptuais, articulatórios, bem como obter dados de processamento da fala. O papel do detalhe fonético no desenvolvimento do sistema fonológico tem sido investigado em trabalhos sobre aquisição da língua materna (ex. Albano, 2011; Vehman, 2014), no campo da variação linguística (Bybee, 2010; Cristófaro-Silva, Fonseca, Cantoni, 2011) e nas pesquisas sobre o desenvolvimento de uma segunda língua (Ellis, 1998; Flege, 2007; Fowler et ali. 2008; Zimmer, Silveira, Alves, 2009). Considerando o crescente número de pesquisas nesta área, neste simpósio, convidamos pesquisadores no campo da fonética ou da fonologia de laboratório (Pierrehumbert, Beckman, Ladd (2000) a apresentarem trabalhos que contribuam para a discussão sobre o papel do detalhe fonético, trazendo à tona questões teóricas e metodológicas relevantes para a discussão acerca do papel da variabilidade na aquisição de uma L1 ou no desenvolvimento de uma L2. Alguns temas relevantes para este simpósio são a relação entre percepção e produção da fala; as contribuições da fonética para as teorias fonológicas, a forma como fatores no âmbito lexical influenciam o desenvolvimento dos componentes fonético-fonológicos; desafios metodológicos para a investigação do papel do detalhe fonético na percepção e produção da fala. Com base no quadro acima exposto, verifica-se que este simpósio pode acolher pesquisas voltadas tanto para a linguística formal, quanto para a linguística aplicada e para a psicolinguística, a fim de promover mais uma oportunidade de interlocução entre as diferentes áreas e debate sobre os desafios enfrentados pelos pesquisadores ao conduzirem suas pesquisas. Considerando-se essa riqueza de possibilidades, neste simpósio, pretende-se demonstrar a grande gama de estudos referentes a este tema, desenvolvidos em diferentes Programas de Pós-Graduação.
Organizadores: José Magalhães e Elisa Battisti
O objetivo do simpósio Descrição e Análise Fonológica é dar espaço a trabalhos de descrição e análise fonológica que discutam tanto teorias e modelos de análise, quanto diferentes tipos de dados e procedimentos metodológicos utilizados. Serão acolhidos trabalhos que explorem: (a) a contribuição de estudos fonéticos, de fonologia teórica, prosódica e de laboratório à teoria fonológica e à análise do sistema fonológico do português e de outras línguas; (b) a relevância de dados e evidências de diferentes tipos (segmentais, rítmicas e/ou entoacionais, de variação linguística, de frequência das formas linguísticas, de aquisição da linguagem e de aprendizagem da escrita) para a teoria fonológica; (c) a interface da fonologia com outros níveis da gramática (léxico, morfologia, sintaxe). As seguintes questões e outras a elas associadas poderão nortear os trabalhos: 1. Em que medida os dados utilizados comprovam as questões teóricas investigadas? 2. Como se extrapola da evidência observável para afirmações sobre a gramática fonológica? 3. Quais são as vantagens e limites das fontes de dados utilizadas e dos modelos teóricos seguidos? 4. Há alguma contradição entre o que nos dizem diferentes tipos de dados, ou tal contradição é mero reflexo de diferenças em pressupostos sobre o que a teoria fonológica deveria explicar?
Organizadores: Leonardo Peluso, Jair Silva e Ronice Quadros
Vagas: 180
O presente Simpósio pretende constituir-se em um espaço para a discussão das atuais linhas de pesquisa que vem sendo desenvolvidas no campo da linguística das línguas de sinais desde meados do século XX. Embora seja um campo com poucos anos de existência, ao longo de sua história, inumeráveis desafios e problemas tiveram que ser vencidos. Em seu início, que a historiografia linguística atribui aos pioneiros trabalhos de William Stokoe, descrições pensadas e organizadas para as línguas orais foram utilizadas como forma de demonstrar que as línguas de sinais tinham o mesmo caráter verbal que aquelas. Este fato acabou por gerar resistências na linguística clássica, pois foi necessária a adequação das categorias que, historicamente, foram desenvolvidas para o estudo das línguas consideradas constitutivamente sonoras. No entanto, esta busca pela igualdade, em termos linguísticos, entre línguas de materialidades distintas acabou por gerar um importante fruto político no interior da linguística. Hoje já não há dúvidas sobre o caráter verbal das línguas de sinais. Esta certeza foi determinante para que outras perspectivas passassem também a se interessar pela linguística das línguas de sinais, como foi o caso da inaugurada por Christian Cuxac, no final do século XX, na qual se observa um movimento inverso ao da linguística de linha stokeana. Trata-se de uma linguística das línguas de sinais que procura mostrar as diferenças que existem entre essas línguas e as línguas orais, fundamentalmente no que se refere à materialidade na qual se organizam para veicular o plano significante. Introduz-se, com isso, a iconicidade como um dos traços constitutivos das línguas de sinais e assume-se ser ela um forte diferenciador a ser considerado nos estudos destas línguas. Deste modo, constitui-se em uma linguística que propõem romper com a histórica separação realizada pelo estruturalismo entre as ciências da linguagem e as outras ciências semiológicas. Nesta mesma perspectiva, pesquisadores nacionais e estrangeiros, a partir da vinculação a outros referenciais teóricos, têm também buscado compreender e descrever as particularidades das línguas de sinais, sem haver mais a necessidade de se espelhar nas línguas orais, como é o caso dos estudos desenvolvidos a partir da teoria enunciativa de Mikhail Bakhtin, que tem ainda estabelecido profícuo diálogo com a área da Educação. Frente ao exposto, este Simpósio tem como objetivo oferecer um espaço para que pesquisadores do Brasil e de outros países, que tem trabalhado no campo da linguística da língua de sinais a partir de distintas perspectivas teóricas, possam apresentar e discutir, com pares, o estado atual de seus respectivos trabalhos – avanços obtidos e dificuldades que ainda persistem. Pretende-se ainda dar centralidade ao aspecto político que está atrelado à linguística das línguas de sinais, seja no plano descrito acima, seja nos efeitos que esses trabalhos têm sobre as comunidades linguísticas que se utilizam das línguas de sinais. A pertinência e relevância de um Simpósio com esta temática em um Congresso de e para linguistas, justifica-se, portanto, tanto por razões acadêmicas como políticas. No plano acadêmico porque ele se torna um espaço privilegiado para que linguistas que trabalham na área dos Estudos Surdos possam estar em contato com os distintos trabalhos que estão sendo desenvolvidos. Torna-se necessário considerar que, por ser um campo novo e ainda de pouco prestígio, muitas vezes os pesquisadores que a ele se vinvulam possuem poucas oportunidades para dialogarem com comunidades que estão pesquisando temáticas similares em diferentes lugares, inclusive naqueles geograficamente vizinhos. No plano político, porque os Congressos de Linguística tendem a deixar de lado os estudos das línguas de sinais ou os colocam em zonas marginais no interior do evento. Por esta razão, acredito ser relevante que um Congresso, da ABRALIN, possa contar com simpósios que tratem desta temática como parte das políticas que visam dar visibilidade às línguas de sinais, em diálogo como temas centrais da e para a linguística, promovendo debates que possam apontar para novos encaminhamentos no nosso campo.
Organizadores: Ana Suelly Arruda, Sanderson Castro Soares de Oliveira e Andérbio Márcio Silva Martins
Os estudos descritivos de línguas indígenas dos 45 agrupamentos genéticos do Brasil ampliaram-se nos últimos 30 anos e vêm fornecendo novos dados para a pesquisa comparativa e histórica, que teve início na segunda metade do século XIX, com Steinen (1882) Lucien Adam (1879, 1896, 1890), Brinton (1884, 1885) e Chamberlain (1913). No Brasil, é na segunda metade da década de 1930 que pesquisadores brasileiros desenvolvem estudos histórico-comparativos das línguas indígenas. Destacam-se Mansur Guérios (1938, 1939, 195) e seu aluno, Aryon Dall’Igna Rodrigues (19581, 1958b, 1964), ambos seguidores do Método Histórico Comparativo de contribuição incontestável à revelação de respostas sobre o passado pré-histórico das línguas (KAUFMAN, 1990; CAMPBELL, 2009). Os estudos fundamentados nesse método têm também permitido consolidar a funcionalidade de teorias e métodos de análise comparativa, os quais permitem diagnosticar graus de relações genéticas entre línguas e a reconstrução de partes dos sistemas linguísticos de línguas individuais e de conjuntos de línguas, além de permitirem a descrição da natureza e direções das mudanças ocorridas ao longo da história das línguas. Os estudos descritivos e histórico-comparativos de línguas indígenas seguem par a par, o primeiro alimentando o segundo, na busca pelo conhecimento da pré-história linguística e cultural dos povos nativos da América do Sul, entre os quais destacam-se os povos nativos do Brasil, por aqui se concentrar a maior diversidade linguística contemporânea das Américas. Estudos dessa natureza constituem uma necessidade atual, não apenas para a ciência da linguagem, para o conhecimento da pré-história dos povos, mas também para os grupos étnicos falantes dessas línguas, “dada a curiosidade que têm do passado de seus ancestrais, cujo conhecimento pode trazer respostas a questões relativas à história das sociedades a que pertencem, e também contribuir para assegurar os seus direitos constitucionais” (RODRIGUES, 2005). Assim, os estudos histórico-comparativos têm revelado conhecimentos de grande relevância sobre a pré-história dos povos nativos deste continente Sulamericano e, mais recentemente, a partir da interface de estudos de diferentes áreas – genética humana, arqueologia, etnohistória e linguística. O presente simpósio temático reunirá resultados de pesquisas que associam as descrições com a investigação comparativa, como contribuição para a reconstituição histórica das línguas indígenas do Brasil e para o passado cultural dos seus falantes. Seu objetivo principais é o de abrir espaço para (1a) novas hipóteses sobre relações genéticas entre agrupamentos genéticos do/ou representados no Brasil; (1b) inclusão de línguas em famílias ou troncos linguísticos; 1c) revisões de propostas de classificação; (2) apresentação e discussão de propostas de (2a) reconstrução lexical e (2b) reconstrução fonológica; (2c) reconstrução morfossintática; (3) apresentação e discussão de hipóteses sobre famílias linguísticas e sua natureza genética; (4) discussão sobre a relatividade temporal no âmbito do conceito de pré-história linguística das línguas indígenas brasileiras; (5) reconstrução de fases pré-históricas das línguas indígenas; (6) apresentação e discussão de hipóteses sobre possíveis centros de origem e/ou de diversificação pré-histórica das línguas; (7) contatos pré-históricos entre povos falantes de dialetos de uma mesma língua, de línguas aparentadas ou de línguas geneticamente distintas; (7) discussão inicial sobre a necessidade de dicionários etimológicos de famílias e troncos linguísticos do Brasil. São bem vindos estudos que contemplem esse objetivo e que façam interface com a arqueologia, a história, a genética humana ou a antropologia, por serem todas de importância fundamental para a reconstituição da pré-história linguística e cultural dos povos falantes de línguas brasileiras. O presente simpósio abraçará discussões avançadas, desenvolvidas por estudiosos devotados aos estudos histórico-comparativos de línguas indígenas brasileiras, de forma a reunir resultados inovadores e substanciosos que acrescentem ao que já se sabe sobre a linguística histórica das línguas indígenas do Brasil e que deem maior visibilidade aos estudos desenvolvidos no Brasil nessa área de conhecimento.
Organizador: Wagner Rodrigues Silva
Este simpósio se configura como um espaço de compartilhamento de resultados de pesquisas científicas em andamento ou concluídas sobre a formação continuada de professores de línguas, maternas ou estrangeiras, promovida em programas de pós-graduação stricto sensu, nas modalidades acadêmica e profissional. A relevância desta proposta se justifica por duas principais razões interconectadas: (1) proposição da Meta 16 do Plano Nacional da Educação (PNE), dentre as vinte metas a serem cumpridas no decênio 2014 – 2024, envolvendo todos os níveis de instrução formal no território brasileiro: “formar, em nível de pós-graduação, 50% (cinquenta por cento) dos professores da educação básica, até o último ano de vigência deste PNE” (MEC/SASE, 2014, p. 51); (2) expansão da pós-graduação profissional para educadores no território brasileiro, diante do modelo acadêmico consolidado nacionalmente. Um exemplo da expansão é o Programa de Mestrado Profissional em Letras (ProfLetras) para professores de português como língua materna atuantes em escolas públicas, na modalidade de rede nacional totalizando atualmente quarenta e nove unidades, denominadas instituições associadas. Como reflexo da cultura científica nas diversas áreas do conhecimento, marcada pela formação de pesquisadores altamente qualificados para o desenvolvimento teórico e para a renovação de quadros pessoais em universidades e demais instituições de pesquisa, os professores de línguas da escola básica foram mantidos distantes dos cursos stricto sensu ou, quando concluíam a formação no nível de mestrado ou doutorado, deixavam as escolas básicas, diferentemente da formação continuada demandada mais recentemente, quando se deseja a permanência dos professores mestres ou doutores no ensino básico. O relatório de monitoramento do PNE (INEP/MEC, 2018, p. 271) mostra que entre os anos de 2008 e 2017, apenas 2,4% e 0,4% dos professores das escolas básicas brasileiras, responsáveis por diferentes disciplinas escolares, possuíam título de mestrado e doutorado, respectivamente. Conforme tradição acadêmica a ser superada, aos profissionais da educação básica restavam as posições de participantes, colaboradores, sujeitos ou, até mesmo, objetos de pesquisa em investigações nas ciências da linguagem. Ou seja, os professores dificilmente eram representados como ou assumiam a função de pesquisadores ou, melhor, de professores-pesquisadores. As pesquisas sobre formação de educadores vêm se consolidando no campo da Linguística Aplicada (LA), especialmente em programas próprios de pós-graduação, mantendo o ensino e a formação de professores de língua como área de concentração ou linha de pesquisa, o que tem resultado na produção de investigações científicas em diálogo com diferentes disciplinas ou campos do conhecimento, dada a complexidade dos objetivos de pesquisa construídos. Assim, neste simpósio, situado no campo indisciplinar da LA, pretende-se responder os seguintes questionamentos, dentre outros que possam contribuir para o desenvolvimento da temática e para o fortalecimento da formação de professores de línguas para o ensino básico: Como vem se configurando o paradigma investigativo das pesquisas da pós-graduação em Linguística Aplicada a respeito da formação de professores de língua? Quais são as contribuições dos programas de pós-graduação acadêmico e profissional para a formação de professores de língua? Quais são as particularidades ou especificidades assumidas pelos programas de pós-graduação acadêmico e profissional para a formação de professores de língua? Como vem se configurando o paradigma investigativo das pesquisas na pós-graduação stricto sensu desenvolvidas pelos próprios professores da escola básica? Quais são os papéis assumidos pelos professores de língua da escola básica ao ingressarem na pós-graduação stricto sensu? Como os egressos da pós-graduação stricto sensu têm contribuído para o ensino de língua na escola básica?
Organizadoras: Vanda Maria Elias e Sueli Cristina Marquesi
O simpósio Texto e Ensino tem como objetivo geral propor uma discussão sobre como estudos do texto, situados no campo da Linguística Textual, podem contribuir para o ensino de língua portuguesa, principalmente em se tratando das práticas de escrita e leitura, numa abordagem sociocognitiva e interacional. Considerando, ainda, que as constantes inovações tecnológicas a que estamos expostos nos dias de hoje põem em evidência de modo mais acentuado a dinamicidade e a plasticidade das nossas práticas textuais e, nesse sentido, não se pode mais pensar em textos como relativamente fixos e estáveis, o simpósio também se constitui em um espaço privilegiado para a discussão de como estudos do texto, até então empreendidos, vêm respondendo a questões relacionadas a aspectos como hipertextualidade, multimodalidade e coerência, e como esses estudos vêm subsidiando o ensino da produção e compreensão de textos em novos contextos. Serão aceitos resumos que, relacionados à temática e ao campo de investigação em que se situa o simpósio, apresentem objetivos definidos, ancoragem teórica e metodologia, além dos resultados obtidos.
Organizadores: Edwiges Morato e Maity Siqueira
A proposta do presente simpósio é reunir metodologias de estudos psicolinguísticos e neurolinguísticos de cunho experimental e observacional sobre figuratividade (metáforas, provérbios, ironias, idiomatismos, etc.). Os objetivos específicos do simpósio são: (i) destacar a compreensão dos aspectos linguístico-cognitivos envolvidos no processamento da figuratividade, (ii) dar a conhecer e discutir a metodologia de investigação do fenômeno figurativo sob diferentes perspectivas e (iii) identificar implicações dos estudos em tela no terreno apliacado (como o campo da Saúde e o do Ensino, por exemplo). A expectativa do simpósio é reunir trabalhos que coloquem em relevo desdobramentos e avanços em relação ao trabalho seminal de Lakoff e Johnson sobre metáfora conceptual (1980), seja a partir de perspectivas mais cognitivistas, seja a partir de perspectivas mais pragmáticas do fenômeno. Assim, esperamos nesse simpósio contar com a colaboração de pesquisadores interessados na análise da linguagem figurada em situação experimental e de uso social, tendo por base diferentes corpora, tais como dados de aquisição linguística (materna ou segunda língua) ou de grupos clínicos (pessoas com afasia e Doença de Alzheimer), por exemplo. A proposta contempla não apenas um importante tema da agenda científica no âmbito dos estudos da linguagem e da cognição, como também um tema de grande relevância social, dado o impacto potencial da natureza aplicada dos estudos psicolinguísticos e neurolinguísticos. Nossa expectativa é, por fim, abordar no âmbito do simpósio certos desafios atuais do estudo da figuratividade: investigação sistemática, articulação de metodologias (qualitativas e quantitativas), estabelecimento de parâmetros de interpretação da linguagem figurada e constituição de corpora autênticos.
Organizadores: Danniel Carvalho e Eloisa Pilatti
A Teoria Gerativa teve seu início entre as décadas de 50 e 60 do século passado ao postular como conceito de língua um estado de uma Faculdade de Linguagem (FL), a Língua-I. Essa abordagem, denominada biolinguística por assumir que a linguagem pode ser estudada como parte do mundo natural, busca, através do estudo da Faculdade de Linguagem, entender os princípios subjacentes às gramáticas de todas as línguas, como forma de se chegar a insights mais profundos sobre a natureza da linguagem e do pensamento humano (CHOMSKY, 1995). Nessa jornada de pouco mais de meio século, chegou-se a três fatores dentro dos quais a linguagem se desenvolve: (I) carga genética (endowment) – aparentemente uniforme entre os membros da espécie, interpreta parte do ambiente como experiência linguística e determina o curso do crescimento e desenvolvimento da FL; (II) experiência – que leva à variação, como no caso de outros subsistemas da capacidade humana e do organismo em geral; e (III) princípios da arquitetura estrutural e restrições desenvolvidas que não são específicas da linguagem. O terceiro fator, que envolve os princípios da arquitetura estrutural e restrições desenvolvidas que não são específicas da linguagem, passou a ser mais investigado a partir da abordagem de Princípios e Parâmetros (CHOMSKY, 1981), que tenta dar conta de propriedades da linguagem em termos de eficiência computacional, por meio da investigação de princípios de análise de dados que podem ser usados na aquisição da linguagem e em outros domínios e princípios de arquitetura estrutural e restrições de desenvolvimento que atuam sobre uma variedade de princípios de eficiência computacional. Em uma versão mais moderna da Teoria de Princípios e Parâmetros, denominada Programa Minimalista (CHOMSKY, 1993, 1995), continua-se a investigação sobre a Faculdade da Linguagem mas pretende-se eliminar da Teoria construtos que não sejam absolutamente necessários. Nesse sentido, é importante mencionar a chamada Tese Minimalista Forte (CHOMSKY, 2001), segundo a qual a linguagem é considerada uma solução ótima com condições mínimas de design que devem ser satisfeitas para que a língua possa ser usada. Para cada língua L, as expressões geradas por L devem ser legíveis para sistemas de interface, sensório-motor e conceitual intensional, que acessem tais expressões. Ou seja, a lingua é uma forma eficiente de ligar som e sentido. Considerando a hipótese da Tese Minmalista Forte, o estudo das interfaces entre os subcomponentes da gramática tem ocupado um lugar importante no âmbito dos estudos formalistas, seja no que se refere à interface sintaxe-semântica, sintaxe-fonologia ou ainda quanto à interface fonologia-processamento da linguagem, entonação-estrutura discursiva, entre outros. Uma das principais questões norteadoras desses trabalhos é a investigação sobre os mecanismos gramaticais envolvidos na derivação de fenômenos que relacionam esses subcomponentes e também na forma como esses subcomponentes se relacionam entre si. Pode-se questionar, por exemplo, se a morfologia segue as mesmas regras da sintaxe, se os processos de sândi externo ocorrem por motivação morfossintática ou fonológica, se o léxico existe como um módulo da gramática ou se questões de natureza semântica e/ou discursiva interagem com as propriedades flexionais das sentenças. Nesse sentido, este simpósio visa reunir pesquisas que discutam relações entre sintaxe e suas interfaces a fim de contribuir para o debate acerca dos limites, pontos positivos e pontos negativos de uma teoria gramatical que parta de uma Tese Minimalista Forte, assim como discutir estudos que busquem compreender a arquitetura da Faculdade da Linguagem. Possíveis tópicos e questões de pesquisa a serem abordados incluem: •Quão modular é a sintaxe, como um componente da gramática? •Como podemos trabalhar a modularidade, como pesquisadores investigando a sintaxe? •Qual é a arquitetura da gramática e como a sintaxe se encaixa nela? •Qual o papel das interfaces na aquisição e processa mento da língua? •Que tipo de informação pode ser compartilhada entre componentes gramaticais e em que pontos? •O que podemos aprender sobre a sintaxe usando dados de interface, tanto por meio de estudos de caso em determinadas línguas/famílias de línguas, quanto por meio de pesquisas interlinguísticas? •Quais os limites da variabilidade gramatical e quais o(s) papel(is) das interfaces nesse processo? Dessa forma, este simpósio torna possível diálogos que poderão lançar luz sobre sua estrutura, sua natureza e seu funcionamento. Serão selecionados até 10 (dez) trabalhos que trate de alguma das questões supramencionadas ou outras correlatas. Ao fim da sessão de apresentações, haverá 30 (trinta) minutos para discussão.
Organizadores: Beatriz Raposo de Medeiros e Pablo Arantes
Este simpósio temático tem por objetivo abrigar abordagens experimentais dos fenômenos prosódicos das línguas em dimensões menos estudadas, com é o caso das comparações entre diferentes línguas, comparações entre a fala e o canto e de estudos dos aspectos entoacionais e rítmicos das línguas indígenas, bem como de análise de qualidade de voz como uma dimensão da prosódia. A relevância do simpósio é a de salientar a integração entre a prosódia e outros níveis linguísticos bem como entre a prosódia e outros fenômenos que ultrapassam as lindes da linguística. O caráter interdisciplinar e experimental da proposta responde à necessidade de refletirmos sobre o desafio posto pela contemporaneidade à linguística de alargar seu conjunto de temas e abordagens. O resultado da incorporação de novos temas e abordagens será a promoção de um entendimento mais amplo do fenômeno da fala e, como consequência, a geração de novos conhecimentos teóricos e aplicados. Os trabalhos submetidos a esse simpósio devem ser trabalhos em andamento ou concluídos, que se proponham a testar hipóteses ou explorar fenômenos prosódicos a partir de uma perspectiva experimental. Será dada preferência a trabalhos que apresentem dados já coletados e em fase de análise para estimular a discussão coletiva durante o simpósio. Os fenômenos tematizados pelos trabalhos a serem apresentados ao simpósio constituem um leque bastante amplo, assim, serão bem acolhidos estudos que não se limitem apenas a questões de entoação e de ritmo, mas que apresentem interface com os diferentes níveis de análise linguística, tanto nas dimensões físicas como abstratas da fala. O Simpósio aceitará em torno de 10 trabalhos. Todas as apresentações serão na modalidade comunicação oral. As apresentações durarão 10 minutos, seguidos de 5 minutos para questões da audiência. Haverá 30 minutos de discussão geral ao final de todas as apresentações.
Organizadoras: Monica Orsini e Mayara de Paula
Este simpósio tem como objetivo discutir diferentes fenômenos sintáticos que remetam à ordenação dos constituintes no Português Brasileiro (PB), como colocação pronominal, construções de tópico marcado, ordem SV / VS e concordância verbal, estruturas de focalização, entre outros, à luz de perspectivas teóricas variadas, com base em corpora orais e/ou escritos. Acreditamos que a possibilidade de observar um fenômeno linguístico a partir de diferentes aportes contribui para um maior conhecimento do mesmo na medida em que fomenta uma discussão produtiva no contexto dos estudos linguísticos contemporâneos, cuja direção parece apontar para a necessidade de uma maior inter-relação entre as ciências, bem como entre os níveis de análise linguística. Desta forma, serão bem-vindos trabalhos que abordem a temática em pauta nos diferentes gêneros textuais, contemplados pelo contínuo fala – escrita (MARCUSCHI 2008) e/ou pelo contínuo oralidade – letramento (BORTONI- RICARDO 2005), produzidos por brasileiros. Trabalhos diacrônicos serão aceitos já que é fundamental considerarmos as mudanças sintáticas por que vem passando o Português Brasileiro e sua estreita relação com a história sociopolítica do Português (FARACO 2016). Também contemplaremos os estudos que proponham um confronto entre o PB e outros sistemas linguísticos. Em última instância, pretendemos, com este simpósio, promover um espaço de reflexão sobre a sintaxe do PB, em perspectiva sincrônica, e sobre as mudanças por ela sofridas, no âmbito diacrônico, contribuindo para fomentar o diálogo entre diferentes correntes teóricas, com vistas ao conhecimento do funcionamento da língua em uso. No que tange à estruturação do simpósio, propomos a apresentação de até 24 trabalhos, em formato de comunicação oral, com duração de 20 minutos, ficando os 20 minutos finais reservados para questionamentos e debate. Os trabalhos serão distribuídos por três dias (até 8 trabalhos por dia) – 07, 08 e 09 de maio – respeitando os horários disponibilizados pela organização do evento para a realização de simpósios.
Organizadores: Neusa Barbosa Bastos e Ronaldo de Oliveira Batista
O simpósio temático contempla comunicações que coloquem em perspectiva analítica a produção, o desenvolvimento e a circulação/recepção do conhecimento sobre a linguagem em diferentes recortes temporais. As apresentações podem tratar de análises de teorias linguísticas, de gramáticas ou dicionários, de formas de ensino de língua, entre outros tipos de trabalho cuja temática se enquadre na análise crítica da história do conhecimento sobre a linguagem.
Organizadora: Heliana Mello
A linguística de corpus/computacional tem-se expandido continuamente dada a sua possibilidade de subsidiar estudos em todos os campos da linguística que se interessem pela análise de dados reais de produção e uso linguístico. Assim, a área desenvolve metodologias de compilação de corpora, ferramentas para a sua exploração as quais envolvem desde listagem de formas até anotação de múltiplos níveis linguísticos, passando pela produção de métricas específicas para o estudo linguístico. Os corpora disponíveis e em construção atualmente permitem o estudo tanto da língua escrita como da língua falada, além de propiciarem investigações relacionadas à evolução e desenvolvimento de línguas específicas, comparação interlinguística, estudos nas subáreas tradicionais da linguística como fonologia, pragmática, semântica, sintaxe e sociolinguística; adicionalmente, servem como base para o desenvolvimento de ferramentas computacionais e estudos multidisciplinares que indiquem tendências, como aqueles explorados na área contemporaneamente conhecida como Big Data.
O Simpósio “Avanços na Linguística de Corpus e Computacional” volta-se para a apresentação de corpora compilados e em compilação, bem como dos recursos e ferramentas computacionais disponíveis e em desenvolvimento para a sua exploração. Tal proposta justifica-se pela multiplicidade de tais iniciativas na linguística brasileira atual, que agrupa interesse em estudos em aquisição de línguas, estudos de variedades linguísticas específicas, estudos da tradução, bem como avanços nas tecnologias que subsidiam a compilação e análise de corpora.
Organizadores: Ronaldo Lima Jr. e Clerton Barboza
Vagas: 80
A Aquisição Fonológica de Línguas Estrangeiras é uma área multidisciplinar que vem passando por um grande crescimento no contexto nacional e internacional. Trata-se de uma subárea da Linguística que lida com conhecimentos originados em diversas outras subáreas dos estudos linguísticos, como a Fonética, a Fonologia, a Psicolinguística, a Sociolinguística, a Linguística Aplicada, dentre outras. Semelhantemente, os estudos em aquisição fonológica de línguas estrangeiras têm o potencial de contribuir com essas diferentes áreas da Linguística, contanto que seus pesquisadores e formadores de futuros pesquisadores tenham oportunidades, como a proposta neste Simpósio, de refletir sobre os desafios e sobre possíveis propostas de refinamento teórico-metodológico de suas pesquisas. Dado o crescimento verificado na área, expresso no total de trabalhos de Mestrado e Doutorado recentemente defendidos em nosso país bem como na quantidade de trabalhos submetidos e apresentados em Simpósios afins nas duas últimas edições do Congresso da Abralin, este simpósio visa a congregar pesquisadores de diferentes regiões e centros acadêmicos do Brasil a fim de debater os principais desafios teórico-metodológicos enfrentados por essa área de pesquisa. Os principais desafios advêm justamente da natureza transdisciplinar dessa área de pesquisa. Há multiplicidades encontradas nas bases teóricas, que vão desde o Gerativismo à Teoria de Sistemas Dinâmicos; nos temas pesquisados (percepção e produção de vogais, consoantes, morfemas, elementos prosódicos; efeito de treinamento perceptual ou de instrução explícita; inteligibilidade e compreensibilidade; capacitação e formação continuada de professores, etc.); e nas abordagens metodológicas (qualitativas e quantitativas; com análises de oitiva, acústicas, articulatórias, de traços, autossegmentais, etc.). Essas multiplicidades tornam imprescindível a realização de encontros periódicos entre os pesquisadores para discussões atualizadas sobre os desafios e possíveis propostas para pesquisas. As discussões propostas neste simpósio têm o potencial de contribuir com pesquisas de qualquer língua estrangeira, segunda língua ou língua adicional; contudo, visando a uma maior delimitação de escopo para que o simpósio se torne um espaço de discussão avançada e especializada, decidiu-se limitar seu tópico para a aquisição da fonologia de inglês como L2. A língua inglesa tornou-se a lingua franca da era da comunicação instantânea global. Cerca de dois bilhões de pessoas no mundo inteiro são capazes de fazer uso do inglês para fins de interação educacional, cultural e/ou comercial (BOLTON, 2004; CRYSTAL, 2004; KACHRU, 2005). Pela primeira vez na história, uma língua apresenta maior quantidade de falantes não- nativos do que de nativos. Apesar de o ensino de língua inglesa ser obrigatório na base curricular brasileira há décadas, nosso povo apresenta baixa proficiência oral. No ensino superior, o quadro é semelhante. Notórias têm sido as dificuldades associadas à internacionalização das universidades brasileiras, frequentemente associadas à baixa proficiência oral no idioma de Shakespeare. Um dos grandes desafios ao aprendiz brasileiro rumo à proficiência em língua inglesa encontra-se associado às questões fonológicas, como, por exemplo, a baixa correspondência grafofônica do inglês quando comparada ao português. Almejando influenciar positivamente os problemas supracitados no campo aplicado, a realização desta proposta de simpósio temático envolvendo a fonologia do inglês-L2 muito tem a contribuir na disseminação do conhecimento científico na área. Através da apresentação e da discussão de trabalhos, esperamos, dessa forma, promover uma reflexão a respeito de como podemos aprimorar, enquanto área em desenvolvimento, a metodologia experimental que caracteriza nossos estudos. Adicionalmente, buscamos instaurar a discussão acerca da necessidade de consonância entre os cuidados metodológicos empregados nos estudos e as concepções de língua e desenvolvimento linguístico que regem os trabalhos. Acreditamos, dessa forma, que o desenvolvimento deste simpósio se justifica não somente por estreitar os laços entre os pesquisadores dedicados a este novo campo de investigações, mas, também, por servir como elemento motivador para a reflexão da agenda de pesquisas e dos desafios a serem enfrentados pelos seus investigadores.
Organizadoras: Ana Carolina de Laurentiis Brandão, Patrícia Vasconcelo de Almeida
O papel maior de iniciativas de formação é oferecer oportunidades para que professores de línguas pré-serviço e em serviço se constituam como profissionais crítico-reflexivos, capazes de propor intervenções didático- pedagógicas baseadas na análise dos contextos global e local, e de avaliar e pesquisar suas próprias ações. Pesquisar a prática docente de professores de línguas é importante não só para se compreender melhor diversos contextos educacionais mas, sobretudo, para se propor intervenções tanto no âmbito do processo de ensino-aprendizagem de línguas na educação básica, quanto no âmbito da formação inicial e continuada de professores. Muitos pesquisadores do campo da Linguística Aplicada têm se valido de metodologias que utilizam as histórias de vida de professores, tais como abordagens de pesquisa narrativa, como forma de entender a prática docente (cf. BARKUIZEN et al., 2014; JOHNSON & GOLOMBEK, 2011; KALAJA et al., 2008; KAMHI-STEIN, 2013; TELLES, 2004; TSUI, 2007). Assim como Connelly e Clandinin (2006), e Clandinin et al. (2007), entendemos que adotar uma perspectiva narrativa vai muito além de contar histórias: trata-se de conceber as experiências do professor como fenômeno a ser analisado. Dessa forma, o objetivo deste simpósio é criar um espaço para a discussão de trabalhos que utilizam métodos e/ou abordagens metodológicas de cunho narrativo para estudar questões relacionadas à prática docente de professores de línguas, tais como (mas não limitadas a): (1) elaboração e aplicação de material didático, (2) uso de artefatos digitais no processo de ensino-aprendizagem, (3) iniciativas de formação inicial e continuada, (4) papel da linguagem, e (5) processos de construção de identidade profissional.
Organizadores: Solange Vereza e Neusa Salim Miranda
Este simpósio tem como objetivo geral apresentar e discutir propostas metodológicas/analíticas de pesquisas que têm como foco a metáfora. Desde a introdução da TMC (Teoria da Metáfora Conceptual), os estudos da metáfora não só ganharam grande relevância, como desenvolveram metodologias próprias de análise, em grande parte voltadas para a identificação de metáforas linguísticas que pudessem revelar metáforas conceptuais subjacentes. O uso de corpora autênticos e da linguística de corpus, com base, principalmente na proposta de Deignan (2005) contribuiu largamente para essa análise, em sua primeira fase: a da identificação de veículos metafóricos, concebidos como evidências linguísticas de metáforas cognitivas. Desse modo, aprimorou-se a abordagem inicial da TMC, presente na obra inaugural de Lakoff e Johnson (1980), criticada pelo fato de que os exemplos de marcas linguísticas fornecidos pelos autores eram, de certa forma, inventados, por não serem coletados diretamente de corpora autênticos. Mais recentemente, seguindo uma tendência discursivo-cognitiva, introduzida, principalmente por Cameron (2007), Semino (2008), Charteriz Black (2005), Low et al (2010) entre outros, a metáfora passou a ser investigada a partir não apenas de sua natureza conceptual, como figura de pensamento, mas de seu funcionamento no discurso. Essa virada, no entanto, não significou um rompimento com a perspectiva cognitiva, mas sim um novo olhar a essa articulado. Os estudos que vêm emergindo a partir dessa tendência, do ponto de vista teórico-metodológico, apoiam-se em conceitos e unidades analíticas propostos por vários pesquisadores. Entre esses, destacam-se o metaforema (CAMERON e DEIGNAN, 2006), a metáfora sistemática (CAMERON e MASLEN, 2010), a metáfora discursiva (ZINKEN, 2007) e a metáfora situada, que têm tido impacto na análise da metáfora, no âmbito da linguagem em uso. A utilização dessa metodologia complementa – e não substitui – aquela mais tradicionalmente relacionada à metáfora conceptual. Sendo assim, os estudos contemporâneos da metáfora se valem de uma gama de perspectivas metodológicas que promovem análises de aspectos diferentes (porém não divergentes) da metáfora, desde a sua natureza construcional, mais estável, até a sua dinâmica no funcionamento discursivo. Refletir sobre essas perspectivas e suas possíveis interfaces representa, portanto, o propósito deste simpósio. Sendo assim, serão bem-vindos trabalhos que apresentem subsídios teóricos e analíticos para essa reflexão, explorando, de algum modo, as seguintes questões: . de que forma a dimensão discursiva da metáfora se articula à cognitiva? . qual o papel da metáfora cognitiva/discursiva na referenciação e/ou na argumentação? . de que forma representações mais estáveis como frames, MCI, esquemas imagéticos e construções gramaticais participam da constituição do sentido metafórico? . de que maneira, e com que implicações, a relação entre metáfora e gênero discursivo (sendo esse visto, numa visão cognitiva, como frame) pode ser estabelecida ? . como a própria conceituação de metáfora conceptual pode ser refinada, ou até mesmo repensada, a partir da perspectiva cognitivo-discursiva? . como a abordagem discursivo-cognitiva joga luz sobre a dimensão ideológica da metáfora? Explorar essas questões requer, portanto, um olhar multidimensional sobre o fenômeno da metáfora, promovendo, assim, como indicado nos objetivos da Abralin50, “o debate acerca das mais recentes tendências teórico-metodológicas da área”.
Organizadores: Ana Regina e Souza Campello, Deonísio Schmitt e Ronice Quadros
Com os processos de escolarização, inclusão e igualdade das pessoas Surdas nas escolas (Decreto 6949/09 – Convenção Internacional de Pessoas Com Deficiência, Lei Libras 10.436/02, Decreto 5.626/05 e da Lei da Inclusão 13.146/15), a participação destas nas escolas inclusivas em uma perspectiva bilíngue são determinadas pela legislação: “assegurar e a promover, em condições de igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais por pessoa com deficiência, visando a sua inclusão social e cidadania (Brasil, 2015, p.1)”. Para isso, o Decreto 5.626/2005 obriga a inclusão da disciplina de Libras na formação de professores, bem como a formação de professores para atuar no ensino da Libras, a formação de pedagogos e de tradutores e intérpretes de Libras e Língua Portuguesa. Estes cursos de formação exigem o planejamento do ensino de Libras como L1 e L2 para integrarem os respectivos currículos. Objetiva conhecer o instrumento do processo da aquisição dos sinais de Libras como L1; institucionalizar as propostas das particularidades culturais e linguísticas das comunidades surdas da L1; e de entender o desenvolvimento das habilidades instrucionais e comunicativas que contribua para a inclusão da pessoa surda no âmbito social, educacional e de família no uso comunicativo da L1. Outra demanda é pelo ensino de Libras como L2 na educação básica, pois o Plano Nacional de Educação de 2014 propõe que a educação bilíngue aconteça em diferentes espaços, entre eles, no espaço da escola inclusiva, onde surdos e ouvintes irão interagir em um ambiente bilíngüe. Para isso, os alunos ouvintes precisarão aprender a Libras como L2. Portanto, faz-se necessário o desenvolvimento de pesquisas nestes campos de investigação. A proposta do “Simpósio de ensino de Libras como L1 e L2” objetiva trazer esta questão para ser debatida e investigada entre os professores de Libras de todas as universidades brasileiras, bem como os professores que atuam na educação básica. Os temas propostos incluem currículos para o ensino de Libras como L1 e L2; desenvolvimento de metodologias para o ensino de Libras como L1 e L2; sistematização das diferentes funções e usos da Libras, considerando gêneros textuais em Libras para aplicação no ensino de Libras como L1 e L2 e o desenvolvimento de interfaces educacionais com tecnologias para o ensino de Libras como L1 e L2.
Organizadores: Deywid Wagner de Melo e Maria Francisca Oliveira Santos
Este simpósio trata dos estudos retórico-linguísticos do texto/discurso voltados aos diversos gêneros textuais/discursivos das modalidades oral e escrita da língua, quer sejam relacionados à sala de aula, quer sejam relacionados aos contextos sociais que envolvem ambientes profissionais ou da vida cotidiana do ser humano. Tendo em vista a importância que a retórica possui na vida das pessoas quando os sujeitos estão envolvidos com os diversos discursos que circulam na sociedade, faz-se necessário buscar teorias que colaborem para o entendimento de como acontece o processo persuasivo tão recorrente nas práticas sociais, pois ao abrir a boca o interactante já produz textos que constituem gêneros textuais/discursivos conforme o propósito comunicativo pretendido. Nesse sentido, o simpósio objetiva reunir trabalhos que privilegiam a temática em pauta, a fim de que se possam mostrar análises de gêneros textuais/discursivos diversos. As abordagens metodológicas podem ser de natureza qualitativa, quantitativa ou quali-quantitativa, conforme as pretensões das pesquisas realizadas ou em processo. Os autores com os quais se busca dialogar são Reboul (2004), Perelman e Olbrechts-Tyteca (2005), Marcuschi (2008), Koch (2003), Koch e Elias (2009), Fairclough (2001), Van Dijk (2010), dentre outros. À luz das teorias desses autores, pretende-se evidenciar as marcas argumentativas materializadas nos discursos na complexidade das relações humanas em que a todo o momento se busca convencer ou persuadir o outro daquilo que se defende. Entende-se retórica como a arte de persuadir pelo discurso, segundo Reboul (2004), presente no ato de argumentar, mas não se desprezam os demais conceitos de Retórica existentes, desde que sejam complementares àqueles na ocasião discutidos. Em se tratando de discurso, adota-se a ideia de “um modo de ação, uma forma em que as pessoas podem agir sobre o mundo e especialmente sobre os outros, como também um modo de representação […] é socialmente constitutivo […] contribui para a constituição de todas as dimensões da estrutura social que, direta ou indiretamente, o moldam e o restringem” (FAIRCLOUGH, 2002, p. 91). Nessa linha conceitual, aparecem, também, os conceitos de ideologia e poder que demarcam as relações sociais, em especial, em contexto argumentativo, quando o contraditório se instaura e surgem os conflitos de dominação e poder nessas estruturas sociais envolventes.
Organizadores: Rodrigo Oliveira Fonseca e Luciana Nogueira
Linguagem é trabalho e essa homologia “se baseia no fato de que ambos não têm um caráter nem arbitrário nem natural e assentam sua necessidade no fato de serem produção social, interação entre homem e realidade (natural e social)” (ORLANDI, 1984). A linguagem, como o trabalho, pode ser assim compreendida como ação que transforma – e que se transforma ao longo da história. Assim, uma questão que se põe é: como as transformações contemporâneas em torno das formas e dos processos de trabalho afetam a língua (e estão nela marcadas)? A crescente flexibilização e desregulamentação das relações empregatícias, ao lado do aumento do desemprego estrutural, vem ampliando o número de trabalhadores subcontratados, temporários, terceirizados e autoempresariados (“pejotizados”, “empreendedores de si mesmos” ou “autoempreendedores”) em vários setores da economia, do transporte urbano à oferta de serviços educacionais. Enquanto plataformas e aplicativos de serviços parecem fazer desaparecer a figura do empregador, fundindo-a imaginariamente com a do consumidor, todo o conjunto de novas tecnologias de comunicação e seus usos faz com que, mesmo em casos de relações empregatícias mais ou menos estáveis, sejam muitas as pressões em prol de uma indistinção entre esfera profissional e esfera privada, entre o que é e o que não é tempo de trabalho, e mesmo entre o que é e o que não é trabalho (ABÍLIO, 2017; BRAGA, 2017; FONTES, 2010; HARVEY, 2009). Amplia-se, assim, e de modo exponencial, a disponibilidade dos trabalhadores para a venda de seu trabalho, cuja demanda é para que se torne cada vez mais flexível e menos restrito a funções pré-determinadas, como no caso dos chamados “funcionários-polvo”. Frente a isso, perguntamos: como as práticas de linguagem são afetadas por esse conjunto de pressões e tendências? Como têm sido referenciadas as identidades profissionais e a própria condição dos trabalhadores? Como as pressões por maior produtividade e pela indistinção entre os tempos da vida privada e do trabalho atingem as discursividades em torno da utilização das redes sociais? Quais as discursividades contemporâneas sobre o trabalho, qualificação e desqualificação do trabalho e dos trabalhadores? De que formas o trabalho flexível é discursivizado em políticas públicas e iniciativas empresariais, sobretudo naquelas que têm alterado o currículo escolar? Como se configuram discursivamente as relações de trabalho? Quais as regularidades, dominâncias, evidências e falhas nos rituais do bem dizer em torno do trabalho, do trabalhador e das relações de trabalho? Que dizeres circulam em torno do corpo do trabalhador? O quanto, na contemporaneidade, o trabalho se configura discursivamente enquanto realização pessoal e/ou como condição inescapável? Quais são os atravessamentos entre essas questões e as que perpassam as temáticas de gênero, raça, cor, orientação sexual, nacionalidade, geração? As confusões e atravessamentos entre público e privado no âmbito do trabalho, que pressionam para que não haja limites de espaço e tempo para o dispêndio de trabalho, afetam as discursividades sobre o trabalho doméstico e sobre a divisão de funções em casa? Ou, como diz Angela Davis (2016), um “manto de silêncio” segue cobrindo as possibilidades de redefinição do trabalho doméstico? Como as lutas e as resistências a essas pressões, tendências e processos deixam pistas, marcas materiais na língua? Que processos discursivos significam essas lutas e resistências? Com esse conjunto bastante amplo de questionamentos, neste Simpósio Temático buscamos reunir pesquisas e investigações – concluídas ou em andamento – que, pelo viés dos estudos do discurso, abordem materialidades discursivas dos mais diversos campos: político, jurídico, sindical, empresarial, da educação, do digital, do urbano, da saúde, da arte. Visamos a produção de conhecimento em uma perspectiva materialista da língua, da história e das relações sociais, apostando na produtividade dos procedimentos e abordagens propostos por Michel Pêcheux e pelo grupo de pesquisadores que ele reuniu em torno do empreendimento da Análise de Discurso. Os dez trabalhos selecionados poderão ser apresentados em formatos diversificados, da apresentação oral ao audiovisual e outros que venham a contribuir com a renovação e dinamização das práticas do debate científico.
Organizadoras: Marianne Cavalcante e Elizabeth Teixeira
Mesmo antes de nascer, os bebês já estão em contato com sua língua materna: ouvem a musicalidade da língua, de músicas, da linguagem dirigida a eles, contudo é somente após o nascimento que eles vão poder começar a falar/sinalizar. Sabe-se que, independentemente da(s) língua(s) que cerca(m) a criança em sua infância (português, francês, libras, chinês…), se as famílias são mais ou menos preocupadas com aquilo que dizem, se são mais ou menos formais, mais ou menos escolarizadas, se a criança entra na língua mais interessada na musicalidade da língua ou na pronúncia correta das palavras e frases, todas as crianças, em todas as línguas do mundo, adquirem sua(s) língua(s) materna(s) muito rapidamente, sem instrução direta e com uma progressão similar durante os três primeiros anos de vida. Trata-se de um processo que já despertou o interesse de pesquisadores da Psicologia, da Neurolinguística, da Psicolinguística, Fonoaudiologia, da Educação e também da área de Aquisição da Linguagem – com a qual pretendemos contribuir neste GT – mas há muito ainda para se investigar e descobrir. O mistério é reforçado pela variabilidade das línguas, pela natureza das interações, pelos diferentes modos de entrada da criança na língua. A explicação está no elemento biológico ou sociocultural? Ou em ambos? Trata-se de uma questão fundamental na área que se dedica ao estudo da linguagem da criança (Aquisição da Linguagem). O objetivo desse simpósio é propiciar um espaço de diálogo entre pesquisadores de diferentes abordagens teórico-metodológicas sobre questões referentes à aquisição de línguas – nas modalidades oral, gestual e escrita – como também, com a clínica fonoaudiológica (e com as diferentes clínicas relacionadas à criança), tratando da singularidade constituída nesses processos quando envolvem crianças.
Organizadores: Gerson Rodrigues da Silva, Nize Paraguassu
Com a publicação dos Parâmetros Curriculares Nacionais intensificaram-se os estudos de interface da Linguística com o processo ensino-aprendizagem de língua portuguesa. A partir de 2013, com a criação do Programa de Mestrado Profissional em Letras – PROFLETRAS, os resultados dessa interface têm confirmado o quão a Linguística tem contribuído e pode continuar contribuindo para esse processo. Assim, com a intenção de dar visibilidade aos estudos nessa perspectiva e estimular o debate entre os pesquisadores, professores do Ensino Fundamental e Médio e demais interessados, o objetivo deste simpósio é reunir pesquisas que apontem as contribuições da Linguística como facilitadoras do processo ensino-aprendizagem de língua portuguesa, mais precisamente que seguindo a Linguística Teórica como base fundamental tratem da descrição e normatização das linguagens; avaliação de processos fonológicos que interferem na aquisição da leitura e da escrita; estudo de padrões construcionais observados nas produções escritas no processo de ensino-aprendizagem; fundamentos teóricos para o desenvolvimento de habilidades voltadas para a leitura e escrita; domínios textuais e semântico-discursivos; produção e efeitos de sentido nas linguagens naturais e não naturais; dialogicidade entre comunidades discursivas e produções literárias e demais manifestações culturais e formação do leitor. Trata-se de um simpósio relevante porque discutirá questões acerca do ensino de língua portuguesa, que tem sido um grande desafio para a educação do nosso país, bem como pela aproximação da comunidade de estudiosos da linguagem com a prática efetiva do ensino de língua no locus apropriado.
Organizadores: Adolfo Tanzi Neto e Francisco Estefogo
Neste simpósio temático discutiremos nas diferentes vertentes de atuação do professor na Linguística Aplicada como os encontros com a língua nos levam a diferentes níveis de conhecimento/reconhecimento linguístico travestidos em repertórios linguísticos superdiversos. Em um contexto pós-moderno, os sujeitos se engajam em uma grande variedade de grupos, redes e comunidades, nos quais os recursos da língua são apreendidos por meio de táticas, trajetórias e tecnologias em encontros linguísticos formais e informais (Blommaert; Backus, 2012). Esses encontros com a língua nos levam a diferentes níveis de conhecimento/reconhecimento linguístico, desenvolvidos em repertórios que são distribuídos por meio de redes de competências e habilidades (Blommaert; Backus, 2012). Para Silverstein (1985) e Blommaert (2015) as interações, ou um evento semiótico, são uma instável troca de formas de signos, mediadas por uma cultura ideológica de situações contextualizadas de interesse de uso humano. Para tanto, neste simpósio temático, buscamos trabalhos nas diversas vertentes de atuação do professor na Linguística Aplicada, seja ela na sala de aula ou na formação de formadores, discutir como essas interações sociais estão ideologicamente carregadas de características semióticas; de valores implícitos de identidade e poder que geram níveis de indexicalidade, marcas deixadas das interações com as linguagens que determinam sentimentos de pertença, cultura, identidade e papéis na sociedade. Este simpósio se justifica na reflexão e conscientização da ação docente como força revolucionária ao desenvolver repertórios linguísticos do mundo contemporâneo superdiverso imbricado com a mobilidade social, de maneira que se possam constituir novos modos de agir e de se articular na vida de uma forma transformadora. Ao discutirmos esses esquemas sócio-históricos de atividades humanas situadas, atentamo-nos para as interações da vida social em sua historicidade, buscando debater sobre o papel do professor na Linguística Aplicada na contemporaneidade para as interpretações locais de suas atividades, baseadas em uma visão translocal, mediada em situações de interesses mútuos que indexicalizam os repertórios linguísticos/discursos locais. A partir dessas forças, a Linguística Aplicada ganha ainda (mais) musculatura para prospectar os encaminhamentos necessários frente às transformações do mundo contemporâneo superdiverso e multicultural. Este simpósio contará com a participação de 10 trabalhos, cada um com 15 minutos de duração, que discutirão cenários de práticas docentes, sobretudo, que oportunizam contextos de avanços relacionados a repertórios linguísticos e à mobilidade social.
Organizadora: Bruna Franchetto
O fazer in loco e institucional de pesquisadores de línguas indígenas se compõe de práticas inerente ao seu métier e raramente objeto de reflexão e debate críticos, internos à comunidade científica e externos diante de públicos mais amplos. Entendemos como “trabalho” estas práticas, associadas e decorrentes da pesquisa propriamente dita, junto aos povos indígenas cujas línguas são objeto de investigação, bem como no contexto de instituições diretamente ou indiretamente mobilizadas para obtenção de recursos financeiro e/ou parcerias de natureza variada. Entendemos, outrossim, como “impactos políticos” deste fazer, as consequências, explícitas e implícitas, do “estar” nas comunidades indígenas envolvidas, da construção e manutenção de relações pautadas em princípio éticos e solidários, de intervenções na educação escolar, na elaboração de ortografias, em processos de retomada ou revitalização de línguas em estado crítico de sobrevivência, em projetos colaborativos ou participativos, em tentativas de definição e implementação de políticas locais e supralocais. O panorama hoje, no Brasil, é vasto e complexo. A maioria dos linguistas dedicados à produção de conhecimentos sobre línguas indígenas lidam com tais práticas e seus impactos, sem conseguir, provavelmente, levar as suas conquistas e interrogações para uma discussão mais ampla e frutífera. Por outro lado, ganham voz e espaço pesquisadores e intelectuais indígenas, dentro e fora da chamada ‘academia’, com experiências próprias, ecoando perspectivas e reivindicações de suas comunidades, denunciando pré-conceitos e práticas não poucas vezes, ainda, colonizadoras. Metodologias descolonizadoras são experimentos recentes pouco conhecidos, como os descritos no livro Decolonizing Methodologies: Research and Indigenous People (2012) e no número da revista LinguiStica (v. 13, n. 1, 2017), dedicado à documentação e revitalização de línguas minoritária. Queremos ouvir e debater experiências, sucessos e impasses, para melhor dialogar com povos que não querem ser mais ‘objetos’ e para apontar caminhos de um desenvolvimento saudável da pesquisa de línguas indígenas.
Organizadores: Charlotte Galves e Cristiane Namiuti
Na sua história atestada em documentos escritos, a língua portuguesa passou por numerosas mudanças, ligadas primeiro à sua expansão a partir do seu lugar de origem na península ibérica, e devidas depois ao seu transplante além-mar. Tanto o português europeu moderno (doravante PE) quanto o português brasileiro (doravante PB) têm origem no português clássico (doravante PCl) que, na periodização tradicional, é a fase da língua encontrada nos textos entre a morte de Gil Vicente (1536) e o fim do séc. 18 (cf. Matos e Silva 1994). Na proposta de Galves, Namiuti e Paixão de Sousa (2006), em que o objeto da investigação é a Lingua-I e não mais a Lingua-E, a gramática do português clássico tem suas raízes iniciais no português médio da periodização tradicional (fim do séc. 14 e séc. 15) e termina na primeira geração de escritores nascidos no século 18. Com base no Corpus Histórico do Português Tycho Brahe, que reúne textos de escritores nascidos entre 1380 e 1890, tem sido possível descrever e analisar a gramática que está na base da evolução que deu origem ao PE e ao PB. Trabalhos recentes mostraram que o PCl é uma língua V2 flexível (Wolfe 2016), com uma colocação de clíticos sensível à prosódia. O fenômeno V2 decresce abruptamente nos textos escritos pela primeira geração de autores portugueses do século 18, ao mesmo tempo que, nesses mesmos autores, a colocação de clíticos vai evoluindo no sentido da expansão da ênclise a todos os contextos em que havia, no PCl, variação entre colocação proclítica e enclítica, com ampla predominância da primeira (Galves e Paixão de Sousa 2005, 2017). O colapso do sistema V2 se manifesta no aumento da ordem SV em detrimento de VS e de XV, mas não afeta o sujeito nulo no PE. No PB, também se dá a perda do fenômeno V2, mas a colocação de clíticos segue o caminho oposto, da próclise generalizada, e o sujeito nulo passa por uma reorganização profunda (Duarte 1993, 2012). Outras mudanças surgem, em decorrência da situação de intenso contato linguístico ocorrido no Brasil, em particular com as línguas trazidas por milhões de africanos escravizados (Fiorin e Petter 2008, Lucchesi, Baxter e Ribeiro 2009, Avelar e Galves 2014). Por outro lado, no PB da segunda metade do século 19, rico em escritos em que suas características próprias despontam, observa-se uma forte influência das características inovadoras do PE, que tem como efeito represar as mudanças próprias e criar uma dinâmica oposta resultando numa competição de três gramáticas, que só se resolve ao longo do século 20 e produz uma variação intensa na língua, cujo estatuto, se de competição gramatical em progresso, se de variação estável envolvendo especialização de formas, ainda não está plenamente entendida (Cyrino e Torres Moraes 2018). A história da língua portuguesa é assim um laboratório de grande riqueza para questões centrais da teoria da linguagem como as causas das mudanças linguísticas, sua dinâmica, o efeito do contato, o fenômeno da competição de gramáticas, a natureza dos parâmetros de variação, o papel das interfaces. Este simpósio tem como objetivo reunir trabalhos, ancorados em corpora de diversas naturezas, que discutam e analisem quantitativamente e qualitativamente aspectos dessa história complexa, das suas origens até hoje, dos diversos pontos de vista evocados acima. A oportunidade de reunir essa multiplicidade de abordagens numa mesma sessão justifica o formato de simpósio. Propomos contemplar 8 trabalhos, numa duração de 15 minutos cada um com 5 minutos adicionais para eventuais perguntais, e pelo menos 20 minutos finais para discussão geral. Em havendo mais propostas relevantes, passaremos para o formato sugerido pelos organizadores, com 10 apresentações.
Organizadoras: Maria Angélica Furtado da Cunha e Maria Maura Cezario
Esse simpósio tem por objetivo discutir fenômenos de variação e mudança linguísticas no português do Brasil, sob o enquadre teórico da Linguística (Funcional) Centrada no Uso (Bybee, 2010; Traugott e Trousdale, 2013; Cezario e Furtado da Cunha, 2013). Para tanto, são analisados processos de variação e de mudança em contextos distintos de uso, detectados em variados gêneros, falados e/ou escritos, em circulação no país. Uma tendência recente de pesquisas vinculadas à Linguística Funcional norte-americana é a incorporação de pressupostos teórico- metodológicos da Gramática de Construções à análise de dados linguísticos.Essas duas correntes compartilham vários pressupostos, como a rejeição à autonomia da sintaxe, a incorporação da semântica e da pragmática às análises, a concepção de língua como um complexo mosaico de atividades cognitivas e sócio-comunicativas, a não distinção entre léxico e sintaxe, a postulação de que a unidade linguística básica é a construção, o posicionamento de que os dados para a análise linguística são enunciados que ocorrem no discurso natural. De acordo com essa visão, as línguas são moldadas pela interação complexa de princípios cognitivos e funcionais que desempenham um papel na mudança linguística, na aquisição e no uso da língua. Nessa linha, o objetivo de uma teoria linguística deve ser descrever e explicar as propriedades da estrutura linguística em termos da aplicação de processos cognitivos gerais, os quais operam em outros domínios cognitivos que não a linguagem. A emergência da estrutura linguística é, pois, atribuída à aplicação repetida desses processos, sendo a gramática entendida como a organização cognitiva da experiência do falante com a língua, concebida como um sistema adaptativo complexo. Esse simpósio visa a refletir sobre essas questões e apresentar resultados de pesquisas nessas áreas. Como ainda é relativamente recente a discussão de tópicos ligados à variação e mudança linguísticas a partir de uma visão construcionista, de um lado, e processos cognitivos de domínio geral, de outro, o encontro de pesquisadores interessados no assunto significará grande avanço para as pesquisas nesse campo de conhecimento.
Organizadores: Eduardo Kenedy e Cândido de Oliveira
O Simpósio Temático ora proposto pretende reunir estudiosos da psicolinguística que desenvolvam atualmente pesquisas translacionais para a educação brasileira, especialmente as voltadas para a alfabetização, para o letramento (literacia), para o ensino e a aprendizagem de língua escrita formal e para a educação bilíngue, em qualquer orientação teórica de cunho cognitivo. O tema “Psicolinguística e Educação” ocupou a agenda do biênio 2017-2018 do Grupo de Trabalho de “Psicolinguística” da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Letras e Linguística (ANPOLL). A importância da exploração do tema foi tamanha que o referido GT resolveu preservar as discussões sobre a interface da psicolinguística com a educação para o biênio 2019-2020. A presente proposta objetiva utilizar o espaço da ABRALIN para ampliar o alcance das discussões das pesquisas translacionais em desenvolvimento no Brasil e eventualmente no exterior. Na esteira da coletânea publicada recentemente por Maia (2018), a intenção principal do Simpósio é reunir pesquisadores que possam compartilhar suas experiências teóricas e metodológicas no enfrentamento dos problemas da educação brasileira. Serão aceitos, para apresentação e discussão, trabalhos teóricos ou empíricos acerca da alfabetização funcional e do letramento pleno, em ambiente monolíngue, bilíngue ou diglóssico, que formulem suas questões em termos de aquisição ou de processamento de habilidades cognitivas essenciais ao exercício integral da cidadania em uma sociedade letrada, como a brasileira. Fundamentalmente, o Simpósio promoverá a divulgação e do debate de problemas, de abordagens teóricas, de métodos experimentais e de propostas de intervenção pedagógica relacionadas ao tema “psicolinguística na educação”. O formato desejado para o Simpósio é a exposição oral de pesquisas em curso ou recentemente concluídas seguida de discussões. Mais do que uma mera sequência de comunicações individuais, nesse Simpósio serão reunidos trabalhos que possam compartilhar questões, problemas e soluções educacionais sob o enfoque teórico e/ou metodológico da psicolinguística, em geral, e da psicolinguística experimental, em particular.
Organizadores: Waldir Beividas e Sueli Maria Ramos da Silva
Sob o título “Semiótica: desafios contemporâneos em teoria e prática de análises” este simpósio pretende abrir espaço de discussões sobre o estado de arte atual da teoria semiótica, de seus mecanismos descritivos e analíticos frente aos novos objetos e linguagens que imperam na contemporaneidade e frente aos novos conceitos teóricos que por isso se exigem. O tempo das apresentações será distribuído de acordo com as propostas que chegarem, de modo a que todos participantes tenham tempo igual. Do ponto de vista da sua prática analítica e descritiva, a semiótica de hoje se vê diante de linguagens até há algumas décadas inexistentes: (i) a internet criou, e vem criando vertiginosamente, ambientes novos a propiciar interdiscursividades desafiadoras em objetos multiformes chats, games, advergames, facebook, twitters (…); (ii) o campo da semiótica da educação, cujo discurso didático fora presencial, se torna cada vez mais virtual, à distância, permitindo difusão instantânea e global, exigindo portanto novas estratégias e metodologias de circulação do conhecimento, da história, dos costumes locais e globais; (iii) o campo da semiótica da canção, objeto de profundo enraizamento no solo brasileiro, se alarga espantosamente no mundo virtual dos computadores e smartfones abrindo o leque de ritmos, arranjos, instrumentações sofisticadas e computadorizadas; (iv) o campo da semiótica das artes se depara com novas produções que mesclam os recursos audiovisuais, os ambientes dos museus, das salas de aula e mesmo das residências particulares; (v) o campo da semiótica da tradução se vê diante de novos desafios sobre as transposições discursivas das várias linguagens, não apenas a tradução verbal/verbal, mas aquelas intersemióticas (do texto verbal para o cinema, para os quadrinhos, para os vídeos na internet, e tudo isso vice-versa); (vi) o campo da semiótica da literatura se move face às novas e inventivas formas de produção de romances, de poesias que mesclam recursos audiovisuais permitidos pelos avanços tecnológicos rápidos das novas mídias; (vii) o campo da semiótica da publicidade se obriga a decifrar e entender as novas estratégias lançadas não apenas na mídia mais tradicional (canais de TV, revistas, outdoors) como também na internet e seus diferentes suportes em computador e smartfones.Todas as esferas das práticas semióticas da contemporaneidade exigem observação cuidadosa e esforços de análise e interpretação, dado que geram efeitos de sentido singulares, reações emocionais inusitadas e sensações novas que exigem atenção e esforços de proposições novas de hipóteses e de descrição. A semiótica se obriga hoje a oferecer ao mundo da pesquisa suas ferramentas de análise sobre as “formas de vida” que se apresentam e do entendimento do mundo gerados no contexto contemporâneo. Sem se obrigar a tomadas de posição “ideológica” sobre o novo cenário, é de sua obrigação refletir sobre posições “axiológicas” – de construção de valores contraditórios – que os novos meios de comunicação e de vida apresentam ao mundo contemporâneo. É justamente por isso que, porsua vez, do ponto de vista teórico, (i) a aproximação com a filosofia fenomenológica se fez necessária. Fez a teoria das duas últimas décadas, pelo empenho de alguns semioticistas, incorporar conceitos como de “corpo-próprio”, “percepção”, “fé-perceptiva”, “carne”, “vivência”, como elementos a fazer valer a presença mais concreta do sujeito nos discursos construídos e trocados no contemporâneo; (ii) também necessária se verifica hoje a atenção teórica perante as novas ciências do corpo humano, as neurociências, neurobiologia cerebral e outras. A abertura a esse horizonte das ciências naturais levam outros semioticistas a proporem a busca da “natureza” do sentido a partir dos estratos da vida biológica mais elementar, convocando um “naturalismo” global da teoria, cujo objetivo maior é enraizar a origem do sentido nos estratos biológicos do corpo; (iii) a seu modo, entre a busca das raízes do sentido no plano da percepção filosófica da fenomenologia, e a busca dessas raízes na sensorialidade neurobiológica do corpo humano, outra vertente de semioticistas evoca a manutenção da tradição “imanente” das origens do sentido: este provém de um ato sui-generis, semiológico, provocado pela linguagem na criação do signo, ato arbitrário que cria o mundo como um referente “interno” à linguagem. São portanto três vertentes que, no salutar debate do contraditório que deve viger em toda a ciência, disputam entre si hipóteses sobre a proveniência do sentido humano, a fazerem a teoria como um todo não estagnar em dogmas, mas abrir-se a novos horizontes de interdisciplinaridades, a tentar responder ao grande enigma do “por que há sentido ao invés de um não-sentido do mundo”. Elas erigiram, sob a metodologia central de um “percurso gerativo da significação” – criada pela semiótica narrativa de Greimas –, conceptualidades específicas coerentes com o cunho – fenomenológico, naturalista ou imanentista – que as definem em suas singularidades conceituais, na contemporaneidade de suas reflexões atuais.
Organizadores: Daniela Zimmermann Machado e Evandro de Melo Catelão
A Linguística textual se apoia (ou pode se apoiar) em alguns pressupostos semânticos para explicar muitos dos fenômenos linguísticos que auxiliam na construção do sentido de um texto. Entendemos que os fenômenos textuais podem ser justificados a partir de uma fundamentação semântica, como exemplos: a semântica cognitiva pode fundamentar as discussões em torno das sequências textuais; a semântica lexical pode contribuir para as reflexões em torno do estudo da referenciação; a semântica argumentativa pode contribuir para as discussões em torno da coesão e da coerência textuais e assim por diante. Obviamente, as diferentes semânticas podem estar presentes no tratamento do texto, cabe ao pesquisador adotar os fundamentos que mais lhe convêm. Este simpósio propõe um espaço de interação entre estudos que empreendam análises de materialidades linguísticas e seus desdobramentos na constituição composicional dos textos, no nível das tipologias, das sequências, dos planos de texto e dos gêneros textuais, assim como trabalhos que se debruçam sobre a linguagem e os efeitos de sentido que permeiam os textos nas diferentes práticas sociais. Objetivamos com o simpósio ampliar as discussões que têm sido realizadas em torno do trabalho com o texto, procurando incluir nessas discussões, de forma um pouco mais explícita, as contribuições das diferentes semânticas de modo a estabelecer relações entre o estudo do texto e as teorias semânticas contemporâneas (semântica cognitiva, semântica lexical, semântica articulatória, para citar apenas algumas linhas). Assim, esperamos que as comunicações propostas assumam uma abordagem que focalize de forma direta ou indireta a interface entre o texto e a semântica em suas diferentes vertentes.
Organizadoras: Renata Mancini e Vera Abriata
Desafiada por sua própria condição de interface, a semiótica discursiva apresenta hoje desdobramentos teórico-metodológicos de grande envergadura que estimulam uma postura epistemológica de revisão e avanços contínuos. Assumindo a verve da teoria para o diálogo com outros saberes, este simpósio se propõe como arena de discussão sobre a interface entre a semiótica e os estudos de tradução e adaptação. A tradução aqui é entendida tanto em seu sentido mais amplo, fazendo coro com a proposta de que toda leitura/interpretação é uma tradução, quanto indicando caminhos específicos para o estabelecimento de parâmetros de reflexão sobre o processo tradutório, que engloba a tradução interlingual e a tradução intersemiótica. Dentre os vários caminhos possíveis, citamos alguns direcionamentos iniciais: tradução como prática e como crítica; o fazer tradutório e seus desdobramentos teórico- metodológicos; fronteiras epistemológicas e abordagens interdisciplinares, investigações teóricas e práticas da tradução em suas várias modalidades; interfaces possíveis entre literatura e outras artes.
Organizadores: Marina R. A. Augusto e Mercedes Marcilese
O simpósio aqui proposto visa a reunir trabalhos que investiguem o processo de aquisição da linguagem com foco em aspectos fonológicos, morfológicos, sintáticos, semânticos ou pragmáticos, seja a partir da análise de dados naturalistas ou com base em metodologia experimental, sob diversas abordagens teóricas. A expressão “aquisição da linguagem” remete aqui ao processo pelo qual a criança parte de um estado inicial – caracterizado de formas diferentes conforme o arcabouço teórico adotado – e atinge um estado final no qual possui um conhecimento completo a respeito de uma (ou mais) língua(s). Toma-se, em sentido restrito, a noção de aquisição como um processo de identificação da língua falada/sinalizada em volta da criança, no grupo social a que ela pertence, de forma natural e espontânea, nos primeiros anos de vida. A metodologia utilizada para o estudo da aquisição da linguagem pode consistir em registrar a fala espontânea da criança, perspectiva tradicionalmente denominada “método naturalista”, o qual se baseia no registro e análise da produção linguística da criança e seus interlocutores em situações espontâneas de interação ou, ser de natureza experimental, permitindo o controle de variáveis que possam afetar o fenômeno que se deseja explorar, de modo a testar o efeito de uma ou mais variáveis. As perspectivas naturalista e experimental não devem ser consideradas excludentes, mas complementares, e permitem informar e testar hipóteses acerca da aquisição e do desenvolvimento de variados aspectos relativos à constituição da(s) gramática(s) específica(s) da(s) língua(s) de exposição da criança. Cada vez mais, estudos relativos ao processo de aquisição da linguagem têm lançado mão de técnicas não-invasivas que levam em consideração respostas neurofisiológicas, tais como o ERP/EEG e a ressonância magnética funcional, na tentativa de captar com uma maior granularidade os fenômenos investigados. Tanto os limites quanto os alcances desse tipo de abordagem metodológica ainda estão sob investigação. A pluralidade de técnicas adotadas, a expressiva massa de resultados obtidos na área e as reflexões teóricas ensejadas por distintas correntes têm permitido traçar um mapa mais detalhado do percurso feito pela criança ao longo do processo de aquisição de uma ou mais línguas naturais e sobre a natureza do conhecimento linguístico adquirido. A distinção entre o que é do domínio linguístico stricto sensu e o que pode ser caracterizado como demandas do uso efetivo da língua em aquisição (seja em termos de custo de processamento, demandas de memória, processos cognitivos mais gerais, como controle inibitório e do desenvolvimento da criança visto de modo mais global) constitui uma questão premente da área, que convoca o diálogo entre abordagens teóricas distintas e diversos campos de conhecimento.
Organizadores: Jussara Abraçado e Paulo Henrique Duque
Este simpósio tem por objetivo criar um espaço destinado à socialização de pesquisas pautadas em fenômenos que envolvam uma ou variedades do português em uso. Ao conceber a cognição como culturalmente engajada, a Linguística Cognitiva ampliou seus campos de atuação, tanto em nível teórico quanto metodológico, descritivo, analítico, experimental e de aplicação. Com base no princípio de que a linguagem é regida por processos cognitivos de domínio geral e, portanto, não exclusivamente linguísticos, este simpósio pretende ser palco para apresentação e discussão de resultados de estudos que se baseiem em análise de dados extraídos de uma ou mais variedade do português em uso e que abordem aspectos de natureza cognitiva, social, discursiva, histórica e semântico-pragmática na explicação dos fenômenos em análise. Considerando-se que o indivíduo necessariamente imprime à fala sua identidade sociocultural, no tempo e no espaço, e que as condições de interação e as necessidades discursivas, mediadas pela cognição, influenciam a gramática de uma língua, são bem-vindas pesquisas desenvolvidas sob o viés da Linguística Cognitiva, da Sociolinguística Cognitiva e de outras correntes que com a Linguística Cognitiva estabelecem interface. Nesse viés, são convidados a participar do presente simpósio trabalhos que se proponham a (i) examinar processos de mudança em uma ou mais variedades do português em uso; (ii) discutir questões relacionadas ao português como língua pluricêntrica, (ii) relacionar (inter)subjetificação a processos de mudança linguística; e (iii) incitar estudos preocupados em discutir e aprofundar o conhecimento acerca da relação entre cognição e sociedade, variação e cognição.
Organizadoras: Luciana Sanchez-Mendes e Ana Quadros Gomes
Grosso modo, a semântica é o estudo do significado linguístico. De modo mais estreito, considera-se que a semântica é o estudo do significado de expressões linguísticas presentes independentemente de sua situação ou contexto de uso, da identidade do falante ou das relações. A semântica formal é uma ciência preditiva, que formula hipóteses refutáveis e se propõe a analisar, com métodos e ferramentas formais, fenômenos semânticos das línguas naturais. A semântica extensional é uma teoria veridicacional, que assume a composicionalidade: estuda as condições de verdade e a denotação dos componentes sentenciais, assumindo que o significado do todo é uma função do significado das partes. A interface sintaxe-semântica é relevante, pois a ordem da composição segue a organização sintática. A semântica intensional recorre a mundos possíveis, para explicar expressões modais, como os verbos ‘poder’ e ‘ter que’, o tempo futuro, contextos intencionais, como o do complemento do verbo ‘acreditar’ etc. Uma pergunta norteadora da publicação do título “Context-Dependence in the Analysis of Linguistic Meaning” (editores: Hans Kamp & Barbara Hall Partee, publicado pela Elsevier em 2004) foi: os temas contexto e dependência contextual pertencem à agenda de pesquisas semânticas, especialmente as de linha formal? O livro comenta que, anteriormente, a resposta dada foi negativa; mas que os desenvolvimentos recentes da semântica formal apontam para o fato de que analisar a semântica das línguas naturais sem considerar a dependência contextual é uma empreitada impossível. A obra é apresentada como uma coletânea sem precedentes das investigações recentes nas fronteiras da semântica com a pragmática. A pragmática é central para a teoria linguística porque o conteúdo das sentenças proferidas é apenas uma parcela mínima daquilo que realmente comunicamos com nossos enunciados (cf. Levinson 2000). Nas palavras de Potts (2009), a interpretação de enunciados requer (i) a análise de seu conteúdo semântico; (ii) o contexto de enunciação; (iii) condições pragmáticas gerais (tais como as máximas de Grice). O fato de que os falantes em larga extensão interpretam da mesma forma os enunciados que escutam ou leem indica que há um alto grau de regularidade nos mecanismos de interpretação, justificando estudos formais sobre, por exemplo, contextos de proferimento, tipos sentenciais e regras de interação e conversacional. Implicaturas conversacionais (Gazdar 1979, Chierchia 2004), implicaturas escalares (Horn 1972)., pressuposição (Chierchia 1995; Beaver 2001), indexicais (Kaplan 1989) e demonstrativos entre outros, são temas relevantes. Estudos sobre a polidez, atos de fala e conhecimento compartilhado, bem como anáfora discursiva, são também bem-vindos. No Brasil, a pesquisa formal teve início há mais ou menos 45 anos, quando surgiram os primeiros artigos em semântica de orientação formal. (cf. Borges Neto; Müller; Pires de Oliveira, 2012). Nesse quase meio século, a semântica formal nacional ganhou pujança e visibilidade internacional. Embora a área venha se consolidando dentro da linguística brasileira, ainda é pequeno o número de semanticistas formais no Brasil. Percebe-se nos meios acadêmicos um acentuado preconceito contra a Semântica Formal, em meio a uma resistência generalizada contra os formalistas de qualquer tendência. Por desconhecimento ou hábito cultural, há ainda no meio uma compreensão equivocada, a de que estudar cientificamente a linguagem humana é algo redutor. Essa situação requer mais intercâmbio entre os formalistas brasileiros interessados em semântica e pragmática e mais difusão de suas contribuições para o conhecimento linguístico. Este simpósio pretende reunir semanticistas e pragmaticistas formais para promover a troca acadêmica e o debate científico, tornando púbicos os produtos dessa pesquisa e incentivando o surgimento de novos interessados pela semântica e pragmática formais, aplicadas sobretudo à nossa própria língua materna, o Português do Brasil, a outras línguas naturais ainda insuficientemente descritas e analisadas nesses níveis de descrição linguística, tais como as línguas nativas brasileiras e a Libras. O simpósio se propõe a reforçar a cooperação entre esses pesquisadores em torno de seus interesses científicos comuns, dando espaço a uma saudável crítica acadêmica. A crítica dos pares fortalece e aperfeiçoa o trabalho científico. Acreditamos que a produção científica no Brasil só tenha a ganhar.
Organizadores: Janaina da Silva Cardoso e Cintia Regina Lacerda Rabello
Vagas: 80
Silva (2014) defende o conceito de “sala de aula interativa” onde o professor assume o papel de “estimulador de curiosidade” e que auxilia o aluno a assumir um papel mais ativo, na busca pelo conhecimento tanto em livros como em redes de computadores. O aluno passa a ser “emissor e receptor no processo de intercompreensão” (p.29). Silva (2014, p. 29) defende também que “a educação pode deixar de ser um produto, para se tornar processo de troca de ações que cria conhecimento e não apenas o reproduz.” Ou seja, não basta ter tecnologia disponível, é preciso saber tirar o melhor proveito dela no processo de aprendizagem. Para tal, é necessário ir além do letramento digital. Rojo (2012) defende a “pedagogia dos multiletramentos”. Precisamos abordar a diversidade cultural e a diversidade de linguagens na escola. Não basta trocar do papel para o digital, é importante entender como essa “mudança cultural das populações e a multiplicidade semiótica de constituições dos textos” alteram os papeis dos educadores e educandos. Rojo (2014) se pergunta logo inicio de seu texto: “Há lugar na escola para o plurilinguismo, para a multissemiose e para uma abordagem pluralista das culturas?” (p. 11). Considerando tanto o conceito de sala de aula interativa como a pedagogia dos multiletramentos, esperamos receber propostas de trabalho que abordem temas tais como: hipertextualidade (COSCARELLI 2012; MARCUSCHI; XAVIER), multiletramentos (ROJO; MOURA 2012), leitura e escrita digital (COSCARELLI 2016), práticas discursivas em EAD (BEZERRA; LÊDO; PEREIRA 2013) e redes sócias (ARAUJO; LEFFA 2016), mídias móveis, jogos online (RIBEIRO 2016) e outros aplicativos (COUTO; PORTO; SANTOS 2016) para aquisição de idiomas, e outros temas que levem à reflexão quanto ao ensino e aprendizagem de línguas mediados por tecnologias digitais e formação de educadores na contemporaneidade. Acreditamos que o simpósio esteja de acordo com a proposta do evento, pois o tema do ABRALIN50 é A Linguística na contemporaneidade: debates, desafios e propostas. O simpósio pretende discutir novos papeis de educadores e alunos a partir das mudanças culturais ligadas diretamente às linguagens.
Organizadores: Rosalice Pinto e Maria das Graças Soares Rodrigues
Os direitos considerados fundamentais para a vida do ser humano tanto individuais quanto coletivos foram enunciados na Declaração Universal dos Direitos do Homem, documento aprovado pela Assembleia Geral da ONU em dez/1948, vindo posteriormente a ecoar nas Constituições dos diversos países que integram a organização. São referidos neste, inclusive, a não discriminação de raça, gênero ou nacionalidade. Contudo, observa-se que, nos dias atuais, muitas sociedades estão a violar esses princípios basilares, comprometendo a garantia dos cidadãos. Face à relevância da temática no mundo atual, este simpósio de caráter pluridisciplinar, conjugando os estudos textuais-discursivos com os jurídicos, visa a analisar de que forma os direitos humanos, tais como preconizados na Declaração Universal dos Direitos Humanos, estão a ‘ecoar’ nos Discursos Jurídicos e Políticos da atualidade. Para tal, convidamos docentes e pesquisadores a apresentarem trabalhos e pesquisas em andamento que versem sobre a temática em contexto brasileiro ou internacional. Serão aceitas contribuições que conjuguem reflexões teóricas ou práticas (seguindo metodologias variáveis) sobre a questão inseridas em quadros teóricos diversos das Ciências da Linguagem, como por exemplo: análise da conversação, análise do discurso, linguística textual, pragmática, dentre outros. Objetivamos com isso contribuir para que a consonância de áreas de conhecimento distintas, mas complementares, possa vir a enriquecer uma interpretação ‘mais crítica’ da realidade atual, podendo vir a ser uma mais-valia para o desenvolvimento, junto aos indivíduos, de uma cidadania mais consciente.
Organizadora: Lilian Ferrari
Vagas: 130
Este simpósio enfoca aspectos figurativos e multimodais associados a construções gramaticais, a partir do referencial teórico da Linguística Cognitiva. Mais especificamente, são privilegiadas pesquisas fundamentadas na Teoria dos Espaços Mentais (Fauconnier 1994, 1997) e na Gramática de Construções (Goldberg 1995, 2006, Langacker, 1987,199, 2008; Diessel, 2015; Hoffmann, 2016). Adota-se a abordagem cognitivista de processos figurativos metafóricos (Lakoff & Johnson, 1980), bem como seus desdobramentos em termos de mesclagem conceptual (Fauconnier & Turner 2002). O objetivo é investigar o papel desses processos no pareamento forma-significado de construções gramaticais específicas (Dancygier & Sweetser, 2014), bem como enfocar aspectos multimodais associados a construções gramaticais, a partir da interação entre os níveis segmental (linguístico), suprassegmental (prosódico) e gestual (Cienki, 2016; Cienki & Müller, 2008; Müller & Cienki, 2009). Em termos metodológicos, privilegiam-se pesquisas qualitativas e/ou quantitativas, fundamentadas em corpora falados, escritos e/ou multimodais, além de estudos experimentais. A investigação de aspectos figurativos e multimodais associados às estruturas linguísticas vem ganhando força em Linguística Cognitiva, na medida em que propicia a ampliação de fronteiras no que se refere ao detalhamento de aspectos semântico- pragmáticos relacionados à estrutura linguística. Com relação ao Português Brasileiro, o presente simpósio será uma excelente oportunidade de interlocução entre pesquisadores que iniciam pesquisas na área. Além disso, o tema do simpósio mantém estreita relação com o tema do Congresso, na medida em que se inclui entre os desafios e debates contemporâneos no âmbito da Linguística, de um modo geral, e da Linguística Cognitiva, em particular. O simpósio deverá contemplar a apresentação de 10 trabalhos, no período de 3 horas. A previsão é de que sejam disponibilizados 15 minutos para cada trabalho, e um período de 30 minutos, ao final das apresentações, para discussão.
Organizador: Heronides Moura
Este seminário visa discutir os aspectos semânticos da transitividade verbal. Aceitam-se trabalhos que analisem os critérios semânticos associados, na literatura, à transitividade verbal, tais como afetação do objeto, incrementalidade do objeto, telicidade, animacidade do objeto, entre outros. Serão aceitos, também, trabalhos que abordem a marcação diferencial de objeto (DOM), em diferentes línguas. Línguas que apresentam DOM são relevantes para identificação dos fatores que determinam a discriminação da transitividade. JUSTIFICATIVA: Estudos de interface são hoje muito relevantes na linguística. Em especial, o componente cognitivo/conceitual se destaca como um fundamento relevante para a descrição da gramática das línguas naturais, e a transitividade é um excelente tópico em que esse componente conceitual pode ser bem analisado, em sua interface com a sintaxe. FUNDAMENTOS TÉORICO-METODOLÓGICOS: Serão aceitos trabalhos tanto na perspectiva cognitivista/funcionalista, quanto na perspectiva formalista. Aspectos sintáticos da transitividade, na interface com o componente semântico, são tópicos igualmente relevantes para o seminário. Estimula-se a apresentação de estudos sobre línguas pouco descritas. OBJETIVOS: O seminário visa discutir os aspectos semânticos da transitividade, tanto em línguas específicas, quanto tipologicamente. Os objetivos do seminário são a análise e discussão dos fatores semânticos e cognitivos envolvidos na transitividade, com base na descrição de diferentes línguas. FORMATO: Serão aceitas até dez apresentações, no simpósio.
Organizadoras: Jacyra Andrade Mota e Josane Moreira de Oliveira
Partindo da proposta de comemoração dos 50 anos da ABRLIN, este Simpósio apresenta-se como um espaço para debates, desafios e propostas nas áreas da Sociolinguística e da Dialetologia. Muitos são os pesquisadores que se debruçam sobre essas duas áreas, bastante produtivas na Linguística Brasileira. A relevância dos diálogos científicos que têm sido proporcionados nos congressos da ABRALIN é atestada no número cada vez maior de sócios e de outros participantes. Outro fator que justifica a necessidade desses diálogos é a interdisciplinaridade não só entre a Sociolinguística e a Dialetologia mas também entre essas áreas e outras, considerando o seu complexo objeto de estudo: a língua em uso. Assim, este Simpósio temático tem por objetivo estabelecer diálogos entre a Sociolinguística, a Dialetologia e outras áreas com as quais se relacionam. Numa primeira perspectiva, um diálogo possível e frutífero é o que vem sendo realizado com a Etnolinguística, a História, a Antropologia e a Educação. Numa segunda abordagem, citam-se a cartografia temática e a informática (mineração de dados, estudos de pragmática), na medida em que tais ciências atuam como suportes para o tratamento automatizado de dados de natureza linguística. Considerando os processos de variação e mudança na sociedade e no espaço geográfico, análises que se concentrem nessas inter-relações têm conseguido discutir e explicar a diversidade linguística bem como contribuir para a sua abordagem na esfera da educação e no estabelecimento de políticas linguísticas para o Português. Nesse sentido, visualiza-se como um segundo objetivo promover a troca de experiências na metodologia quali-quantitativa, contribuindo para o desenvolvimento dos estudos sociolinguísticos e dialetológicos. Este Simpósio propõe-se a congregar trabalhos que versem sobre discussões teórico- metodológicas, que se fixam, entre tantos outros, em Labov (2010), Moreno Fernández (2016) e Eckert (2018), para a Sociolinguística, e em Thun (1998), Chambers e Trudgill (2004) e Cardoso (2010), para a Dialetologia pluridimensional contemporânea, por exemplo. Sobre o tratamento e a análise de dados da língua em uso, do ponto de vista sincrônico, este Simpósio considera os diferentes níveis de estudos da língua: fonético-fonológico, incluindo o prosódico; morfossintático; semântico-lexical; pragmático; metalinguístico; e discursivo. No que se refere ao formato, abrem-se espaços para comunicações que abordem aspectos teórico- metodológicos bem como aqueles que revelem resultados de análises empíricas de dados linguísticos do Português para efetivos debates, desafios e propostas da Dialetologia e da Sociolinguística na contemporaneidade, que clama por diálogos e interdisciplinaridade.
Organizadoras: Maria Pauliukonis e Rosane Monnerat
Este simpósio pretende acolher pesquisas e reflexões que tenham como tema analisar o funcionamento da linguagem como discurso, tendo em vista uma interdisciplinaridade focalizada, em que se respeitam não só os princípios de cada disciplina, bem como os procedimentos metodológicos que as orientam, sem esquecer a formação de um espaço que permita integrar os componentes de cada abordagem, com vistas a construir uma base mais sólida e eficaz para a construção do conhecimento. Dada a amplitude da temática proposta – análise de diversas operações linguístico-discursivas – considera-se que a apresentação em forma de simpósio permitirá o diálogo entre diferentes enfoques teórico-metodológicos, por meio de uma “prática interdisciplinar” bastante pertinente e relacionada à natureza multiforme e heterogênea da linguagem. Compreende-se que trabalhar com o discurso é colocar-se entre fronteiras permeáveis que indicam como a língua e outros campos do conhecimento vêm-se articulando no mundo atual. Deve-se considerar também que os impasses da pós-modernidade trouxeram problemas outros que estão exigindo mudanças nos parâmetros de compreensão do pensamento contemporâneo. Por sua vez, o avanço considerável das pesquisas nos variados campos das ciências, tanto exatas quanto humanas, permitiu acumular grande número de dados para análise. Esse fato que se verifica, cada vez mais, pelo avanço da internet, propiciou maior aproximação de procedimentos analíticos e interpretativos que se completam. O objetivo deste simpósio é reunir pesquisadores de diferentes campos, como os da Linguística do Texto, da Análise do Discurso, da Literatura, da História, da Psicologia, da Filosofia, das Ciências Sociais e da Comunicação, em um diálogo de interfaces, para se pensar nas relações entre esses campos, como uma forma de compreender melhor os intrincados problemas do ato interativo de comunicação. Como é um trabalho de interfaces, constituem-se, como referencial teórico, as noções de intersubjetividade de Benveniste (1976 ), da Teoria da Argumentação de Ducrot (1988), aliadas aos princípios da Pragmática Enunciativa (1983) e aos avanços das teorias do Texto, visto como discurso (KOCH, 2017) ou, em outros termos, o texto como resultante de uma co-construção dinâmica em um ato de comunicação; nesse sentido, ênfase deve ser dada à análise das entidades discursivas dos enunciadores, consoante princípios básicos da Teoria Semiolinguística (CHARAUDEAU, 2006, 2008).
Organizadoras: Luciani Tenani e Flaviane Fernandes-Svartman
Este simpósio pretende acolher estudos que tratem de prosódia da língua portuguesa, principalmente de um ponto de vista fonológico, a partir do qual são feitas análises de dados em busca de evidências que permitem firmar ou refutar pressupostos de teorias fonológicas como, por exemplo, a Fonologia Entoacional (LADD, 1996, 2008) e a Fonologia Prosódica (SELKIRK, 1984, 1986, 2000; NESPOR; VOGEL, 1986, 2007), dentre outras. Uns dos pressupostos teórico-metodológicos fundamentais dessas duas teorias são, respectivamente: (i) a entoação tem uma organização fonológica e (ii) a estrutura prosódica decorre da interface com demais módulos da gramática, mas não coincide com estruturas morfossintáticas. Evidências da estrutura prosódica são observadas, tradicionalmente, por meio da identificação de domínios de aplicação de processos segmentais e da configuração entoacional e rítmica dos enunciados. A proposta deste simpósio visa assegurar ambiente de intercâmbio entre pesquisadores de modo que a exposição de resultados de diferentes naturezas (processos segmentais, configuração entoacional ou rítmica) possam viabilizar avanços substanciais não apenas sobre descrição de variedades do português, mas, principalmente, no que diz respeito a reflexões a partir de mesmas bases teórico-metodológicas. Dentre os desafios teórico-metodológicos para os estudos contemporâneos sobre prosódia, encontram-se, por exemplo, a compreensão do papel da percepção na teoria fonológica, de modo amplo, e na caracterização da prosódia, de modo particular; o desenvolvimento de protocolos experimentais que assegurem resultados robustos e confiáveis; o estabelecimento de procedimentos de interpretação da relação entre dados de produção e de percepção. Sob essa temática ampla, pretendemos acolher trabalhos que discutam: aplicação (ou aplicabilidade) – e potenciais desafios – das teorias Fonologia Prosódica e Fonologia Entoacional a dados do Português, notadamente no que diz respeito ao papel da percepção; descrição de características prosódicas das modalidades oral (calcadas ou não em análises acústicas) e escrita de variedades do Português; relação entre fenômenos segmentais e suprassegmentais e estrutura prosódica da língua; possibilidades de comparação entre estruturas prosódicas de variedades brasileiras, lusitanas e africanas do Português; desenvolvimento de experimentos de percepção e de reflexões sobre relação entre dados de produção e de percepção. Os trabalhos selecionados deverão ser apresentados oralmente e debatidos pelos participantes. Essa dinâmica do simpósio visa proporcionar não apenas intercâmbio acadêmico, mas também o fomento de parcerias a posteriori entre pesquisadores sobre prosódia no país.
Organizadores: Vinícius Nascimento e Patrícia Tuxi
O emergente campo de investigação científica denominado Estudos da Tradução e Interpretação da Língua de Sinais (ETILS) vem ganhando força no Brasil devido as recentes políticas inclusivas, educacionais e linguísticas instauradas nos últimos anos no cenário nacional e internacional. Na legislação brasileira, destacam-se os seguintes documentos: (i) a Lei de Libras, 10.436/02; (ii) o Decreto 5.626/05; (iii) a Lei 12.319/10,; (iv) o Decreto 7612/11,; e (v) a Lei 13.146/15. Esses documentos voltados à população surda fizeram emergir, dentre outros ganhos, a profissionalização dos tradutores e dos intérpretes de língua de sinais no Brasil que saíram da invisibilidade social para ganhar reconhecimento da sociedade e do Estado. A atuação desses profissionais tem ganhado visibilidade e destaque na vida cotidiana na medida em que a população surda adentra os diferentes espaços da sociedade exercendo sua cidadania por meio de sua língua. Conforme a promoção dos direitos sociais dos surdos e o acesso destes a espaços sociais diversos e serviços públicos, cresce a demanda de profissionais capacitados para atendê-los com competência e ética. Esse crescimento de conquista dos diversos espaços sociais, reverbera diretamente na esfera acadêmico-científica que tem sido um dos contextos em que os surdos têm participado não apenas como interlocutores, mas, também, como potenciais enunciadores que assumem funções pedagógicas e administrativas como posições de chefia, docência, coordenação, dentre outras. Essa relação linguística, estabelecida principalmente nos espaços de ensino superior, despertam em seus integrantes e nos que participam de forma direta ou indireta a necessidade de descrever, mapear e compreender os processos de tradução e de interpretação envolvendo a línguas de sinais a partir de diferentes perspectivas teóricas e bases epistemológicas. Esse movimento resulta no aumento de pesquisas voltadas para a tradução e a interpretação das línguas de sinais. As pesquisas que vem sendo produzidas nos últimos anos sobre “tradução e traduzir” e “interpretação e interpretar” envolvendo pares linguísticos intermodais (línguas gesto- visuais e línguas orais-auditivas), constitui, então, o recente e emergente campodisciplinar chamado de Estudos da Tradução e Interpretação da Língua de Sinais (SANTOS, 2013; RODRIGUES, BEER, 2015). Esse campo, apesar de apresentar especificidades ligadas às modalidades e materialidades dos pares linguísticos envolvidos no processo, possuem relação e interdependência com dois campos maiores dedicados aos processos de descrição de processos de translação interlíngue chamados de Estudos da Tradução (ET) e Estudos da Interpretação (EI) (RODRIGUES, BEER, 2015). Esses campos, por sua vez, nasceram da relação entre a Linguística, enquanto ciência que se dedica ao estudo e descrição das línguas humanas, e a Linguística Aplicada, enquanto campo que estuda as práticas linguísticas em diferentes contextos sociais e que, já há algum tempo, reivindica desvinculação da condição de subárea da Linguística enquanto disciplina. Nesse sentido, um grande número de pesquisas sobre o tema vem sendo promovidas no Brasil dialogando não apenas com esses campos, mas com outros das Ciências Humanas como a Educação e o Audiovisual, e da Linguística, como a Análise do Discurso, a Sociolinguística, a Semiótica, a Linguística de Corpus dentre outros. Santos (2013) mapeou pesquisas de mestrado e doutorado sobre o tema no período entre 1990 e 2010 e concluiu que o discurso de escassez de pesquisas voltadas aos ETILS imperou durante muito tempo entre pesquisadores do campo devido à falta de circulação dos estudos realizados. Segundo a autora, com a emergência dos ETILS enquanto disciplina ligada aos ET e EI o campo se fortalece e traz, com isso, visibilidade aos estudos que se dedicam à temática. Por essa razão, faz-se necessário promover espaços em congressos e encontros científicos ligados aos estudos da língua e da linguagem para que as pesquisas voltadas aos ETILS sejam vistas, divulgadas e debatidas promovendo, com isso, o diálogo interdisciplinar, contemporâneo e desafiador do(s) lugar(es) da língua de sinais na Linguística e em outras áreas das Ciências Humanas. OBJETIVOS GERAIS E FORMATO: Este simpósio tem por objetivo reunir pesquisadores que vêm produzindo pesquisas relacionadas à Tradução e Interpretação da Língua Brasileira de Sinais (Libras) e Língua Portuguesa em interlocução com outros campos das Ciências Humanas e da Linguística como a Linguística Aplicada, a Semiótica, o Audiovisual, a Análise do Discurso, a Sociolinguística, a Educação dentre outros. O Simpósio reunirá dez pesquisas ligadas ao tema no qual os apresentadores terão de 10 a 15 minutos para realizarem suas apresentações em Libras ou em Língua Portuguesa. Ao final de suas apresentações, haverá 5 minutos dedicados às perguntas por parte dos participantes do simpósio.
Organizadores: Kazue Saito M. de Barros e Gil Negreiros
O simpósio tem como objetivo reunir e discutir trabalhos com foco em fenômenos estereotípicos de gêneros textuais orais, a partir de suas características organizacionais, interacionais e pragmáticas e de sua relação com as esferas sociais em que circulam, em especial com a escolar/acadêmica. O tema é amplo e implica algumas complexidades teóricas, a começar pela definição da noção de gênero oral e pela escolha de critérios teóricos que possam embasar as categorias linguísticas, interacionais e pragmáticas recorrentes no gênero analisado. Os trabalhos devem estar pautados pelo reconhecimento de que o ensino de língua tem como tarefa desenvolver a competência comunicativa dos aprendizes, assumindo, assim, a importância da adoção de um ensino voltado para os usos da língua. Embora quase consensual, adotar tal postura não é simples. O reconhecimento da complexidade faz com que, por exemplo, Gabriele Kasper (1997), elabore trabalho sob o título Can pragmatic competence be taught?, em que compara diferentes estudos de natureza pragmática. Estudos sobre marcadores e estratégias discursivos, rotinas pragmáticas como cumprimentos, desculpas, reclamações, recusas, emprego de formas de polidez são alguns exemplos de práticas que têm sido citadas como carentes de atenção em sala de aula. Da mesma forma, torna-se essencial, no âmbito educacional, discutir as estratégias interacionais que caracterizam os gêneros orais em diferentes contextos de circulação, desde os casuais até os mais institucionalizados, e envolvendo tanto interações face a face quanto à distância. Assim, são bem-vindos os estudos que se dedicam a fenômenos da modalidade oral e a descrição de gêneros orais que circulam em nossa sociedade. Com o simpósio proposto, buscam-se discussões que possam trazer subsídios para o tratamento da oralidade em sala de aula, tanto quanto ao ensino de língua materna quanto ao de língua estrangeira (aí incluindo português como LE).
Organizadores: Suzi Lima e Tonjes Veenstra
Proposal In the literature on Brazilian indigenous languages, although many papers present preliminary descriptions on various aspects of the syntax of these languages, few have explored in detail the syntax and semantics of complex sentences. In this special session, we are particularly interested in gathering scholars who have been working on the description and analysis of structures characterized by two or more non-serialized verbs, that is, structures that highlight syntactic and semantic embedding. More specifically, this special session will feature papers that describe and analyze relative clauses, switch-reference marking, quotative constructions with a special focus on indexicals, sequence of tense effects and counterfactuals. The contributions of this special session are threefold: 1) further the documentation of complex structures in Brazilian languages; 2) discuss the development of new methods, questionnaires and stimuli for fieldwork in the field of morphosyntax and semantics of complex structures; 3) advance the debate about such topics in theoretical linguistics. CONTRIBUTIONS TO THE FIELD OF LANGUAGE DOCUMENTATION: as discussed by Moore, Galucio and Gabas (2008) only 38% of Brazilian languages have an advanced description. However, in most cases, an advanced description does not include a detailed analysis of the complex constructions in a particular language. While some work has been done on the documentation and analysis of complex structures on Brazilian languages which suggests that the field is growing (for example, Storto 2012, Vivanco 2017, and the papers featured in Amaral, Maia, Nevins and Roeper 2018 on a variety of topics on embedded structures in Brazilian languages such as embedding of evidentials [Stenzel 2018], embedding of imperatives [Thomas 2018], switch reference [Nonato 2018], multiple embedding of relative clauses [Storto, Vivanco and Rocha 2018] among others) for most languages the description of complex structures is incipient, which is unfortunate since much of these languages are endangered. Furthermore, the emergence of descriptions of the phenomena described above can be useful not only for the better understanding of a particular language but can also be revealing for typological studies. METHODOLOGICAL CONTRIBUTIONS: a fundamental aspect of fieldwork is the design of materials for field elicitation. As such, one of the goals of this session is to bring to light new methods (cf. for example Sauerland 2014), questionnaires and stimuli used in the description of the topics featured in this session. THEORETICAL CONTRIBUTIONS: finally and crucially, the presentations featured in this special session will contribute to advance the discussion of such topics in theoretical linguistics by means of featuring new data of languages underrepresented in the literature so far. This is critical since evidence from less well-studied languages has in several cases proved to be very revealing for linguistic theory. Three examples of this type are the discussion of indexical shift in complex clauses in Amharic (Schlenker 2003), Slave (Anand and Nevins 2004), and others, the semantics of logophoric pronouns in Ewe (Pearson 2015), and the discovery of backwards control initially in Tsez (Polinsky and Potsdam 2002).
Organizadores: Luiz Francisco Dias e Luciani Dalmaschio
A semântica da enunciação designa um campo de postulados teóricos sobre os fundamentos da significação. Para a maioria desse postulados, a significação daquilo que é expresso em língua, pelo menos em parte, está fundamentada na constituição do enunciado. A especificação do que seria a “constituição do enunciado” sofre nuances. Benveniste concebe na dinâmica geradora da produção do enunciado um mecanismo da língua configurado por índices de pessoalidade, tempo, lugar, modo, os quais permitem ao sujeito se submeter ao signo social e transformar a língua em discurso. Já em Ducrot e Carel, a dinâmica geradora da produção do enunciado é situada na argumentatividade do próprio enunciar. Dizer é mover-se pelas orientações daquilo que se diz, tendo em vista que os sentidos dos próprios signos linguísticos se constituem a partir de um fundo discursivo de argumentação. Por sua vez, para Culioli, o enunciado é concebido por um agenciamento de formas proveniente de um encadeamento de operações. Essas operações de ordem formal e enunciativa definem o valor referencial do enunciado. No Brasil, essa dinâmica tem sido vista no âmbito dos espaços de enunciação em que os falantes são concebidos como sujeito na história e nas determinações sociais em que as significações se ancoram. Nessa direção, também temos desenvolvido uma abordagem de estudo, e por meio dela buscamos explicar os fundamentos enunciativos das articulações linguísticas. Especificamente, nossa tese é a de que a dinâmica da produção do enunciado está ancorada no acontecimento da enunciação como fato social, motivando as regularidades das construções gramaticais. Um dos desafios do campo de estudos da enunciação é o de elaborar uma abordagem da significação voltada para a linguagem do cotidiano, principalmente a linguagem que caracteriza uma enunciação brasileira. No âmbito desse quadro, o simpósio adquire relevância por apresentar um espaço para que a diversidade de perspectivas teóricas sobre a produção do enunciado e do sentido seja desenvolvida. Além disso, as abordagens constituídas no campo enunciativo devem apresentar uma visão sobre o falar do brasileiro na contemporaneidade a partir de uma concepção de diversidade não explorada nos estudos sociolinguísticos e dialetológicos. Para isso, os trabalhos apresentados no simpósio deverão formular, ainda que de maneira sucinta, os fundamentos da constituição do enunciado e desenvolver reflexão sobre um fato de linguagem do cotidiano brasileiro, com vistas a demonstrar a relevância e a potencialidade dos modelos de estudos enunciativos e a contribuição que o campo pode imprimir na compreensão da língua do Brasil. Em suma, o objetivo do Simpósio é o de constituir uma discussão voltada para variados fenômenos da linguagem, cuja análise esteja fundamentada dos estudos enunciativos. Por esse caminho, consideramos essa proposta em condições de apresentar traços das transformações por que passa o mundo contemporâneo, observando-se os modos de enunciação da nossa sociedade. Nessa direção, os objetos de trabalho do simpósio adquirem pertinência em relação ao tema global do Evento. Portanto, os pesquisadores que tomam a enunciação como fundamento dos seus trabalhos serão bem-vindos, independente do modelo de análise adotado
Organizadores: Ricardo N. de C. Monteiro e Antônio V. S. Pietroforte
A semiótica dos textos sincréticos encontra no Brasil um expoente cuja obra se destaca não apenas por seu rigor conceitual e metodológico como também pela produção científica que suscitou e suscita: a semiótica da canção de Luiz Tatit. Se a importância da canção popular dentro do contexto da cultura brasileira já justificaria por si só o desenvolvimento de uma área de estudos a ela destinada, a consistência e solidez do modelo de Tatit e o avanço que ele representa para os estudos de análise dos textos sincréticos reforçam ainda mais a necessidade de uma continuidade nos substanciais avanços que as pesquisas nessa área vêm atingindo em nosso país. É importante aqui salientar a originalidade e produtividade da semiótica da canção no Brasil, canalizando o interesse de centenas de pesquisadores para uma área altamente especializada, e dentro da qual a produção científica nacional vêm apresentando contribuições substanciais. Entre elas, está o desenvolvimento de ferramentas analíticas capazes de dar conta de diferenciar a palavra escrita da palavra cantada, e os impactos de sua entoação no processo de construção de sentido cancional. Os textos verbais encontram hoje ao menos três grandes perspectivas de abordagem semiótica – uma centrada no problema da classificação e análise de seus signos, como na semiótica de Peirce; outra, voltada ao estudo de um percurso gerativo do sentido, como na obra produzida por Greimas, seus colaboradores diretos e respectivos seguidores; e outra ainda, pensando que o sentido de um texto depende inteiramente de sua contextualização e significação dentro da cultura, como se vê na obra de Lotman em particular e da chamada semiótica russa em geral. No que tange à análise semiótica dos textos musicais, pedindo vênia para uma redução ainda mais radical do que a proposta para o âmbito verbal, podem-se observar hoje ao menos duas grandes correntes. Partindo-se da síntese entre linguística e musicologia esboçada por Nicolas Ruwet, e que teve continuidade na obra de Jean-Jacques Nattiez, as pesquisas sobre o sentido musical bifurcaram-se em uma linha de estudos centrada na articulação de certas macroestruturas de caráter isotópico – os chamados “tópicos” – e os efeitos retóricos decorrentes de tais articulações – os “tropos” -, como nas obras de Raymond Monelle, Robert Hatten e Mieczyslaw Tomaszewski, e uma segunda abordagem centrada na questão da narratividade fundada sobre a articulação de invariâncias e invariâncias no texto musical, a chamada narratologia, corrente essa contando com alguns expoentes de maior visibilidade no círculo de colaboradores diretos de Greimas, como Eero Tarasti e Márta Grábocz. Ainda que os semioticistas musicais supracitados tenham, sem exceção, analisado canções, seus modelos analíticos não contemplaram as especificidades da palavra cantada, tratando-a no contexto do texto musical, assim como um analista do discurso verbal o faz ao tomar como objeto a letra de uma canção – e, por conseguinte, deixando de lado as contribuições semânticas com que figuras de expressão rítmicas, entoativas e timbrísticas a enriquecem e modificam. Fica assim patente a incontornável vocação transdisciplinar que um simpósio dedicado à semiótica da canção inapelavelmente apresenta, cumprindo pois explícita e necessariamente um dos objetivos fundamentais deste congresso: o de “promover diálogos propositivos entre a Linguística e outras áreas do conhecimento”. De forma mais específica, do ponto de vista da significação, nossos estudos não se detêm em descrições de sistemas de signos, embora façam referências a esse tipo de procedimento semiótico, mas procuram, isto sim, discutir e encaminhar, em termos de processos discursivos, modos de estudar a geração do sentido nos textos cancionais. Em termos de formato para o presente simpósio, uma primeira proposta seria a de concentrar mais tempo em menos exposições, com 8 trabalhos de 20 minutos seguidos de 20 minutos de debates, de maneira a proporcionar uma verticalização das explanações e interlocuções. Acreditamos estar proporcionando com este simpósio – e com as condições que apenas esse formato pode oferecer – a oportunidade de um aprofundamento de importantes discussões que já há mais de duas décadas vêm norteando numerosas pesquisas na área da semiótica da canção no Brasil. Assim, a tópicos consagrados como as relações entre letra e melodia contempladas por Tatit, cumpre somarem-se as discussões a respeito de outras abordagens focalizando figuras de expressão sonoras de natureza harmônica, timbrística, formal, orquestral, rítmica, rímica, tópica (na abordagem de Hatten e Monelle) etc bem como seus desdobramentos enquanto recursos retóricos, trópicos (aqui, remetendo aos tropos na acepção de Peirce) e/ou semânticos na construção do sentido cancional.
Organizadores: Maria Marta Pereira Scherre e Carolina Queiroz Andrade
O presente simpósio tem como foco debater o mapa dos seis subsistemas dos pronomes de segunda pessoa do singular do português brasileiro, como desenhado por Scherre et al (2015, p.141-142), e enfrentar o desafio de organizar os múltiplos matizes das formas pronominais você, cê, ocê, tu com morfologia verbal explícita e tu sem morfologia verbal explícita, em variação e em distribuição diferenciada nas regiões Norte, Sul, Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste (SCHERRE et al 2015, p.169-171). O mapa proposto, abaixo à direita, levemente modificado com dois novos registros da presença do tu em Minas Gerais (REIS, 2018; SILVA, 2017), é mais semelhante ao mapa do Brasil de 1709, à esquerda, do que ao mapa do Brasil do XXI, ao centro. 1 O mapa proposto tem caráter dinâmico, sempre sujeito a mudanças em função de novas pesquisas sobre o tema, com base, especialmente, nos pressupostos teórico-metodológicos da Sociolinguística Variacionista (LABOV, 2008 [1972]). Resultados de quatro novas pesquisas, em Cametá-Pará (COSTA, 2016)2; em São Luiz- Maranhão (ALVES, 2015); em Fortaleza-Ceará (GUIMARÃES, 2014); em Porto Nacional-Tocantins (MARTINS, 2017), já evidenciam a necessidade de remodelação dos subsistemas e de redesenho do mapa. Avaliamos que os resultados de Costa (2016, p.327, 213-311) e Alves (2015, p.77) indicam que as Regiões Norte e Nordeste podem apresentar um subsistema mais tu (>60%), mas com concordância média (de 10 a 40%): na amostra de Cametá, há 63% de casos de tu (311/496), com 13% de concordância (39/311); na amostra de São Luiz, há 89% de tu (871/1.050), com 15% de concordância (130/871). Os resultados de Guimarães (2014, p.135, 176, 187) nos permitem concluir que a região Nordeste pode apresentar também o subsistema tu/VOCÊ (tu <60%), com concordância baixa (<10): na amostra de Fortaleza, há 50% de tu (795/1.591) e menos 0,4% de concordância (3/795). Os resultados de Martins (2017, p.75) revelam que a região Norte, com dados de Porto Nacional, também exibe o subsistema VOCÊ/tu, com 97% de VOCÊ (298/306), sem concordância com o pronome tu. Assim, o mapa (re)desenhado indica que as regiões Norte, Nordeste e Sul apresentam diversidade e similaridade instigantes, desafios para nosso entendimento. As pequenas ilhas de tu em Minas Gerais (REIS, 2018; SILVA, 2017) e a rápida expansão do tu na fala brasilense (ANDRADE, 2015) são outros desafios para o pesquisador. Desafio igual é saber se não há mesmo nenhuma ilha de tu em Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, estados em que a pesquisa sobre o tema ainda é escassa. Para o devido controle dos percentuais dos pronomes na função de sujeito, os participantes devem usar codificação com simbologia distinta (i) para as formas você, ocê, cê, tu sem concordância e tu com concordância; (ii) para as formas singulares e plurais; e (iii) para as formas expressas e não expressas, entre outros aspectos relevantes para o debate. Todas as outras funções também devem ser devidamente controladas. Além do mais, é necessário um mergulho profundo na sócio-história (cf., por exemplo, MATTOS e SILVA, 2001), para que possamos buscar entender a relação entre os subsistemas pronominais e os movimentos migratórios externos e internos, no decorrer dos atuais 518 anos das terras hoje brasileiras, apoiados no uniformitarian principle, que estabelece que “knowledge of process that operated in the past can be inferred by observing ongoing process in the present” (CHRISTY, 1983, p.ix, apud LABOV, 1994, p.21). O formato do simpósio é de apresentações de pesquisas que indiquem de forma clara em que subsistema no mapa proposto a localidade sob análise de insere ou de que forma seus resultados sugerem reorganização dos subsistemas e/ou redesenho do mapa. Deverão também ser delineados os matizes das formas variáveis identificadas pela pesquisa. O tema aqui proposto é melhor abordado em um simpósio temático pelo fato de apresentar caráter muito focalizado e envolver dois aspectos bem definidos: o (re)desenho do mapa e a sistematização dos matizes das formas pronominais. O simpósio dialoga com tema central do evento tendo em vista que estimula o debate a respeito do mapa e dos matizes das formas pronominais, enfrenta desafios de congregar pesquisas que envolvem as cinco regiões brasileiras e acolhe de bom grado resultados que corroborem, discutam, ampliem ou sintetizem os subsistemas pronominais de segunda pessoa singular para desenharmos um mapa o mais realístico possível, com uma visão de conjunto facilmente perceptível.
Organizadores: Flávia Mayer e Élida Gama Chaves
Caracterizando-se pela intersemiose entre som e imagem, a Tradução Audiovisual Acessível (TAVa) engloba estudos sobre as diferentes práticas tradutórias intra e interlinguísticas, envolvendo as modalidades Audiodescrição, Legendagem para Surdos e Ensurdecidos e Interpretação em LIBRAS. Considerando a complexidade e abrangência dos modos de produção e de recepção da TAVa, o presente simpósio temático busca prover insights para o crescimento do campo com o objetivo dar visibilidade ao que tem sido feito nos estudos da TAVa, bem como fomentar a discussão e o debate teórico e metodológico entre os que trabalham nesse campo. Para tal, são convidados a participar do presente simpósio trabalhos que versem sobre os seguintes temas: i) a recepção de produções de TAVa: legendagem para surdos e ensurdecidos, audiodescrição e Interpretação em Libras; ii) estudos experimentais em TAVa; iii) TAVa e linguística de corpus, iv) processos de tradução das várias práticas da TAVa; v) a prática profissional no campo da TAVa; vi) a formação de tradutores no campo da TAVa; vii) políticas públicas e padronização técnica no campo da TAVa. As bases teóricas deste simpósio estão na Tradução Audiovisual, especialmente nos estudos de Díaz Cintas (2004, 2005, 2007, 2009), Díaz Cintas e Remael (2007), Díaz Cintas, Matamala e Neves (2010), Jiménez Hurtado (2007, 2010), Naves, Mauch, Alves e Araújo (2016), Orero (2005), Pérez-Gozález (2013), Araújo (2006), Franco e Araújo, (2011), Araújo e Alves (2017). Tais estudos assumem uma visão ampla sobre as modalidades de TAVa e possibilitam a interdisciplinaridade com outras áreas do conhecimento. As bases metodológicas adotadas possibilitam investigações dos tipos descritivas, exploratórias e experimentais, com vieses quantitativo, qualitativo, ou, ainda, quali-quantitativo — a depender do tema pretendido. Este simpósio oportunizará que se discutam 8 trabalhos que versem sobre a TAVa, atentando-se para alguns desafios da interdisciplinaridade.. Neste sentido, espera-se também a participação de pesquisadores advindos de áreas afins, como Educação Inclusiva, Cinema, Comunicação Social e Acessibilidade, desde que considerem suas contribuições no campo da Linguística.
Organizadores: Anna Christina Bentes e Adriana Bolívar
Este simpósio têm dois objetivos principais: (i) reunir estudos que busquem explicar os padrões textuais e discursivos característicos de diversos eventos e gêneros que dão corpo simbólico às disputas envolvendo atores e posições sociais que emergem e reforçam contextos de polarização política; (ii) acolher propostas que busquem analisar as mudanças pelas quais vêm passando os discursos políticos, nos diferentes contextos sócio-históricos da América, mas mais especialmente, da America Latina. Considerando as práticas políticas por meio da linguagem como um tipo de “estrutura de sensibilidade” que está em processo contínuo de estabilização e/ou mudança, e considerando também que mídias (tradicional e digital) têm contribuído para os processos de (trans)formação da opinião pública nos vários países, este simpósio está baseado nas perspectivas sociocognitivas, socioculturais e sócio-discursivas de produção da linguagem que consideram que há ganhos e perdas com as práticas de polemização e de denúncia que dão corpo eventos, textos e discursos produzidos pelos atores sociais no interior dos campos político e midiático, campos estes que se encontram atualmente em forte convergência. Nossa hipótese é a de que as diferentes mídias potencializaram as práticas políticas por meio da linguagem, pautando e/ou contestando temas e plasmando os seus modos de estruturação a partir de uma complexa e diversificada inserção dos diversos atores sociais nas chamadas “arenas da linguagem”. As perguntas que nortearão nossas discussões podem ser formuladas da seguinte forma: (a) como podemos perceber os diferentes modos de aprofundamento das lutas sociais no interior das “arenas da linguagem”? (b) quais valores socialmente referenciados – resistência à opressão por parte dos poderes instituídos, solidariedade com os injustiçados, combate à violência do Estado e dos indivíduos contra as minorias etc. – estão presentes ou são combatidos nos eventos, textos e /ou discursos analisados? (c) como os textos e/ou discursos revelam as disposições sociocognitivas para a transformação das instituições e da própria estrutura social? Pretendemos que a composição do Simpósio seja de pesquisadores de diferentes países, Argentina, Brasil, Colômbia, Chile, Estados Unidos, Venezuela, dentre outros. O contexto social e político de grande instabilidade e de muitos desafios para a América como um todo, mas mais especialmente, para os países da América Latina, demanda que nossa Associação, no momento da celebração de seus cinqüenta anos dê espaço para a promoção de discussões e para a construção de parcerias internacionais que possam contribuir para a consolidação de explicações socialmente referenciadas das mudanças pelas quais nossas sociedades vêm passando. A divulgação de parte das discussões realizadas neste Simpósio na Revista da ABRALIN e em outras revistas internacionais é também parte de nosso esforço como organizadoras
Organizadores: Eduardo Batista da Silva e Paula Tavares Pinto
Levando em consideração os debates, desafios e propostas que se apresentam na Linguística na contemporaneidade, o presente simpósio insere-se em um momento no qual a Linguística de Córpus amplia sua presença e apresenta-se como uma linha de destaque no âmbito dos estudos linguísticos, mantendo interfaces com a descrição, ensino e tradução. Quinze anos após a publicação de Linguística de Córpus (BERBER SARDINHA, 2004), uma das obras seminais da área publicadas no Brasil, esse simpósio contempla, por um lado, as diferentes possibilidades de exploração do léxico nos estudos linguísticos de forma geral e, por outro, seu protagonismo em determinadas linhas teórico-metodológicas da Linguística – com a pretensão de reunir estudos que tratem dos seguintes temas: 1) investigação teórica e/ou aplicada relativa ao ensino de línguas (materna e estrangeira); 2) descrição do léxico de línguas a partir de córpus; 3) prática de vocabulário em uma perspectiva quantitativa; 4) fraseologia mono, bi e multilíngue; 5) Estatística Lexical; 6) metodologia e compilação de córpus; 7) córpus de aprendizes; 8) desenvolvimento de material pedagógico; 9) softwares de processamento; 10) recursos online e 11) Estudos da Tradução. Ao lançar luz sobre as contribuições relacionados à descrição, ensino e tradução, o simpósio tem como objetivo divulgar a área, promovendo a conscientização teórica, apresentando metodologias e ferramentas de análise e estimulando o desenvolvimento de novos trabalhos, oriundos das reflexões fomentadas no evento. Frente ao exposto, a fundamentação teórica que orienta o simpósio perpassa estudos que abordam, especialmente a Linguística de Córpus (BERBER SARDINHA, 2004, 2012; SINCLAIR, 2004), podendo contemplar de forma subsidiária, a Lexicologia e a Lexicografia (BIDERMAN, 2001; NATION, 2001, entre outros), Estudos da Tradução (BAKER, 1993, 1995,1996; CAMARGO, 2004,2005; BERNARDINI e ZANETTIN, 2004). No entanto, outras orientações teóricas são igualmente bem-vindas para enriquecer os debates e a troca de ideias. Neste contexto, as Ciências do Léxico, entendidas como ramificações dos estudos linguísticos, podem apresentar como foco de interesse: a) o estudo de um repertório de unidades (lexicais – lexemas/lexias – ou fraseológicas, por exemplo) presentes em um idioma; b) o desenvolvimento de obras de referência (gerais, especiais ou específicas); c) estudos contrastivos e a questão dos aspectos quantitativos e/ou qualitativos no/do léxico, em uma perspectiva pedagógica. Partindo da premissa de que ainda existe uma necessidade de mais divulgação da linha, o simpósio tem o intuito de ser um momento para a reflexão e conscientização de alunos em formação, professores e pesquisadores a respeito do impacto da Linguística de Córpus, bem como de suas implicações na seara dos estudos descritivos e aplicados nos níveis de graduação e pós-graduação. Espera-se que ao final do simpósio os participantes entendam que os estudos que possuem o léxico como objeto de pesquisa podem recorrer à uma abordagem qualitativa, quantitativa ou quantiqualitativa, em função de vários fatores, dentre eles: os objetivos, córpus e software disponíveis e orientação teórico-metodológica do trabalho.
Organizador: Jarbas Vargas Nascimento
A este Simpósio interessam trabalhos que visem a colocar em discussão a leitura em uma perspectiva discursiva em diálogo com outras abordagens que levem em consideração o sujeito-leitor como coprodutor de efeitos de sentido e os processos pedagógicos de ensino e de aprendizagem em Língua Portuguesa. Nossa meta é, por conseguinte, ampliar discussões sobre as práticas discursivas de leitura, contribuir para mudanças nas ações pedagógicas em seus diferentes níveis de escolarização. Privilegiamos o aparato teórico-metodológico da Análise do Discurso em suas diferentes vertentes que, além de evidente produtividade, na contemporaneidade, dialoga com inúmeras áreas de conhecimento. Para justificarmos melhor a proposta de nosso Simpósio, relembramos que, na atualidade, a prática de leitura, entendida como um processo de negociação de efeitos de sentido, torna-se desafiadora, se considerarmos a exigência da monossemia exigida em outros tempos. As inovações culturais e tecnológicas configuram novos debates para a Linguística contemporânea, pois surge um novo tipo de texto e, por conseguinte, novos gêneros de discurso, que se organizam por meios eletrônicos hipertextuais, multimidiáticos e hipermidiáticos, que impõem novas atitudes pedagógicas e novas posturas para o ato de ler. Por isso, pautar a prática da leitura, neste Simpósio, significa colocar em foco a linguagem e o sujeito-leitor, as condições sócio-histórico-culturais de produção e recepção dos discursos em suas diferentes materialidades. Nesta perspectiva, os efeitos de sentido tornam-se negociáveis, porque há o sujeito-leitor e a historicidade do texto, que se instalam numa relação de ligação interdiscursiva que nos possibilita o ato de ler. Por isso, a leitura torna-se uma prática social em que se mobilizam necessariamente a memória e a interdiscursividade, levando o leitor, enquanto sujeito histórico, a inscrever-se em um novo processo de discursivização. Assim, este Simpósio convida e conta com a participação de pesquisadores, que estudam a questão da leitura, para refletirem conosco sobre alguns desafios impostos ao leitor, na contemporaneidade, momento em que não se aceita mais reproduzir sentidos textuais estabilizados, muitas vezes, ainda impostos pela instituição escolar e/ou pelo sujeito-professor.
Organizadoras: Fabíola Sartin e Maria do Rosario da Silva
Uma vez que o tema do a Abralin é “A Linguística na Contemporaneidade: debates, desafios e propostas”, este simpósio temático pretende, dentro desse tema agregar trabalhos com o foco na análise do discurso de base Sistêmico-Funcional Sistêmico-Funcional-LSF (Halliday, 1984/1994; Halliday & Matthiessen, 2004, 2014) contemplando as pesquisas que valem-se do sistema de Avaliatividade (Martin e White, 2005) na análise de corpora presenciais e digitais em contextos do mundo pos-moderno. Tais estudos podem abranger dentre outros temas, a formação do professor de línguas materna, estrangeiras e adicionais, a linguística de corpus, propostas educacionais para o ensino com base em gêneros discursivos (Martin e Rose (2008), Rose e Martin (2012) e Bakhtin (2003)), e demais teorias de gênero que dialogam entre si buscando refletir sobre as investigações na conjuntura atual de hipermodernidade (LIPOVETSKY, 2004). No que se refere à Linguística Sistêmico-Funcional (LSF), trata-se de uma teoria linguística cuja abordagem para a análise de textos é sempre orientada para o seu caráter social (HALLIDAY, 1985, 1994, 2004). O principal foco dessa teoria é estudar como a linguagem atua no contexto social e como a influencia. Ela está, portanto, preocupada em mostrar como a organização da linguagem é relacionada ao seu uso. Almeja, também, agregar estudos que abarquem questões relacionadas à formação do professor de línguas nos contextos presenciais e digitais. Os trabalhos podem focalizar qualquer das três metafunções – interpessoal, ideacional ou textual – descrevendo características léxicogramaticais dos gêneros em questão, levando-se em consideração seus contextos de situação e de cultura. Em se tratando de pesquisas no contexto digital, vale ressaltar que com a expansão da NTIC – Novas tecnologias da informação e comunicação e o acesso à internet na hipermodernidade (LIPOVETSKY, 2004), é possível observar que se atenuam as disparidades entre as classes sociais linguisticamente marcadas, o que possibilita o contato entre classes econômico e culturalmente diversas, criando-se assim, um processo múltiplo de trocas culturais, marcado pelo hibridismo das praticas cotidianas.
Organizadores: Aurelina Ariadne Domingues Almeida e Elisângela Santana dos Santos
O simpósio Linguagem, cognição, sociedade e história: desafios interdisciplinares objetiva promover um espaço para discussão de fenômenos semânticos como a categorização, a conceptualização, a metonímia, a metáfora, a polissemia em perspectiva sócio-histórico-cognitiva. Os trabalhos a serem expostos no simpósio deverão considerar os desafios interdisciplinares postos pela mudança semântica, bem como deverão refletir sobre a linguagem como elemento fundamental para a geração de significados. Assim sendo, serão produzidas reflexões interdisciplinares, a fim de compreender as inter- relações entre Linguística Histórica, Sociolinguística e Linguística Cognitiva, no que concerne à geração e à manutenção de sentidos. Portanto, as propostas deverão guiar-se pelo norte teórico-metodológico adotado pelos estudos sócio-histórico-cognitivos, de modo que poderão possuir natureza tanto qualitativa, quanto quantitativa, como ainda quali-quantitativa; o corpus poderá ser mono ou multimodal, dependendo da abordagem de investigação do proponente. Enfim, o simpósio promoverá discussões acerca de 10 trabalhos que trarão contribuições para a compreensão de fenômenos semânticos, concebendo-os a partir da visão sócio-histórico-cognitiva da linguagem e assumindo os desafios da interdisciplinaridade, de forma a colaborar para o desenvolvimento da Linguística contemporânea. No tocante à descrição do seu formato, o simpósio terá duração de 3 horas e cada participante terá 15 minutos para a apresentação dos seus respectivos trabalhos e serão disponibilizados, ao final, 30 minutos para discussões atinentes às apresentações feitas. Em face do exposto, convidamos os interessados e as interessadas a debaterem a geração de sentidos na inter-relação tempo, sociedade, história e cognição, procurando, assim, desatar o nó górdio da linguagem.
Organizadores: Patrícia Ferreira Botelho e Fabiana Esteves Neves
O objetivo deste simpósio é congregar professores e pesquisadores interessados em discutir questões relacionadas ao ensino-aprendizagem das práticas de leitura e de escrita. Como campo de estudos amplo e interdisciplinar, propomos reunir abordagens relacionadas às ciências cognitivas, metacognição e conhecimento metalinguístico (TOMASELLO, 1999; SAWYER e GREENO, 2009; GOMBERT, 1992), a fim de pôr em diálogo olhares e perspectivas voltados para as questões dos letramentos. Diante dos desafios que ainda se impõem no cenário escolar brasileiro – práticas docentes, realidade dos estudantes, metodologias, materiais didáticos – a leitura e escrita continuam a suscitar questionamentos e dilemas complexos, que requerem abordagens diversificadas e, sobretudo, situadas, capazes de se estruturar a partir das especificidades de cada público e conjuntura. Além disso, é importante considerar que as práticas contemporâneas em torno dos textos, com o avanço tecnológico e a multimodalidade, exigem habilidades que envolvem o gerenciamento da própria experiência sobre e por meio da linguagem nas práticas de leitura e de escrita (NELSON e NARENS, 1994; BEAUDOIN, 2002; ROJO, 2007). Pretendemos, assim, integrar trabalhos que evidenciem o fato de as estruturas de conhecimento dos aprendizes serem, em grande medida, constituídas pela interação entre práticas socioculturais, esquemas cognitivos, capacidades corporais e linguagem. Nesse sentido, o simpósio pretende reunir pesquisas, concluídas ou andamento, que pensem a leitura e a escrita por meio de abordagens científicas processuais (FILLMORE, 1979; LAKOFF, 2008, entre outros) e que auxiliem a análise da construção das semioses para compreensão/interpretação/produção de gêneros variados, tanto nos níveis fundamental e médio quanto no nível superior. Para tanto, estamos considerando a leitura como um processo dinâmico de relações entre autor, texto e leitor, que requer o reconhecimento perspectival, subjetivo, situado do lugar de cada discurso e das possibilidades de produção de sentido; e a escrita como processo recursivo de construção/reconstrução textual, pelo autor, por meio tanto do (re)conhecimento de uma diversidade de saberes sobre texto e de recursos de linguagem quanto pelo acesso consciente a esses saberes e recursos, para empregá-los conforme convier. Assim, este simpósio se propõe a discutir trabalhos que considerem a leitura e a escrita como eixos primordiais do ensino-aprendizagem de línguas (materna e adicionais). Esperamos construir um espaço dialógico para troca de experiência no campo do letramento linguístico, com atenção especial a estudos relacionados ao gerenciamento das ações (meta)cognitivas e metalinguísticas. Serão selecionadas oito propostas de comunicação. Cada uma terá a duração de 20 minutos, e haverá mais 20 minutos para debate ao final da sessão.
Organizadores: Sandra Quarezemin e Valdilena Rammé
Desde meados dos anos oitenta, diversas pesquisas têm demonstrado a existência de estruturas altamente articuladas em domínios antes tidos como indecomponíveis (CP-IP-vP). É após a publicação dos trabalhos de Abney (1987) e Pollock (1989), mais especificamente, que testemunhamos o surgimento de um novo quadro de trabalho em linguística que, tendo como heurística a proposição de Kayne (2004) “um traço morfossintático-um núcleo”, procede a uma varredura das mais variadas estruturas sintáticas, buscando, em níveis cada vez mais granulares, seus verdadeiros blocos de composição. Nesse quadro, entre o final dos anos noventa e o início dos anos dois mil, nasce o “Projeto Cartográfico” (Rizzi, 1997; Cinque, 1999) e, posteriormente, a “Nanossintaxe” (Starke, 2009), ambos fundados com base na observação de que cada camada sintagmática clássica (Chomsky, 1981) representa, na verdade, uma abreviação para estruturas funcionais muito mais ricas (Rizzi, 2015). Tendo como alicerce a busca por uma compreensão profunda das categorias funcionais das línguas naturais, baseada em um estudo detalhado de “seu conteúdo, número e ordem” (Shlonsky, 2010), esses modelos têm alcançado resultados promissores que aventam hipóteses relevantes a respeito da natureza e organização das línguas humanas. Estudos como os de Rizzi (1997; 2004), Cinque (1999) e Belletti (2004), por exemplo, compartilham a ideia de que as estruturas funcionais (gramaticais), que são na verdade muito mais enriquecidas e detalhadas do que se pensa, constituem parte permanente da Gramática Universal, e, portanto, são disponíveis a todas as línguas. Tal observação evidenciou a existência de uma hierarquia universal das categorias linguísticas, denominada sequência funcional (f-seq), que, além de apresentar um grande poder explicativo para o funcionamento de diferentes fenômenos, como o de escopo de advérbios (Cinque, 1999, 2004; Ramchand & Svenonius, 2014) e os sincretismos (Caha, 2009), alterou significativamente o modo de pensar a variação translinguística (Starke, 2010) e contribuiu para uma melhor compreensão da relação entre o núcleo computacional linguístico e as questões de interface (Shlonsky, 2010). Dada a produtividade e a contínua expansão desse quadro teórico-metodológico, é de extrema importância reunir e discutir no Brasil trabalhos desenvolvidos com base em pressupostos cartográficos e nanossintáticos. Considerando esse fato, a proposta deste simpósio é integrar pesquisas que explorem os mais diversos mapas funcionais da estrutura oracional para a explicação de diferentes fenômenos observados nas línguas naturais, tais como os casos de sincretismo e as alternâncias verbais, em geral regidos por restrições impostas pela f-seq, sejam elas relacionadas à periferia esquerda da sentença (CP), ao middlefield (IP), ao domínio de construção de eventos (vP) ou, ainda, ao domínio nominal (NP). Também são esperados estudos sobre as sentenças interrogativas, as sentenças clivadas, as sentenças relativas, todas elas diretamente relacionadas às categorias funcionais na periferia esquerda da sentença, as quais tornam o sistema CP uma estrutura complexa. Trabalhos na interface sintaxe-prosódia e/ou sintaxe-semântica que tratem de tópico e foco, bem como da questão conceitual e da motivação semântica para os núcleos funcionais são igualmente aguardados. Pesquisas que abordem a ordem de constituintes, explorando tanto a periferia alta quanto a periferia baixa da sentença estão dentro do escopo deste simpósio. Além disso, são bem-vindos os trabalhos que abordam a sintaxe do sujeito, investigando posições distintas no middlefield da estrutura (Cardinaletti, 2004), e que tratem da ordenação dos modificadores demonstrativo, numeral e adjetivo em relação ao nome, na projeção estendida deste (Cinque, 2005). Com isso, esperamos não apenas destacar e debater trabalhos desenvolvidos no âmbito da Cartografia e da Nanossintaxe, mas também discutir as semelhanças, diferenças e limites dos próprios modelos. Para tanto, o simpósio receberá dez trabalhos que retratam fenômenos linguísticos distintos, mas que utilizem o arcabouço teórico-metodológico dos modelos destacados. Considerando o princípio heurístico que rege os modelos e a centralidade da morfologia para a constituição dos mapas funcionais, encorajamos a submissão de trabalhos que investiguem dados do português brasileiro, do português vernacular (de Angola, de Cabo Verde, de Moçambique) e das línguas indígenas faladas no Brasil.
Organizadores: Dánie Marcelo de Jesus e Glenda Cristina Valim de Melo
No mundo contemporâneo, as questões de gênero, raça e sexualidade têm sido discutidas em movimentos e coletivos que representam as minorias nas comissões do Senado e da Câmara dos Deputados, nos comentários de reportagens jornalísticas, nas diversas redes sociais, nas escolas etc. Concomitantemente, nas últimas décadas, tornaram-se mais presentes investigações sobre a relação gênero-linguagem-sexualidade-raça, indicando a complexidade social e política dessas temáticas. Além disso, considerando a perspectiva de Santos (2000) de que tudo passa pelo discurso, tais temáticas são também relevantes para o campo dos estudos linguísticos. Na Linguística Aplicada, esses temas vêm sendo abordados por estudiosas e estudiosos que compreendem o desafio de pesquisar gênero, raça e sexualidade como marcadores corpóreos construídos na e pela linguagem (FERREIRA, 2006, 2015, 2012; JESUS, 2018, 2014, 2013; MELO, 2015a, 2015b, 2017; MOITA-LOPES, 2001, 2006, 2008; PINTO, 2003, 2004, 2011; entre outros). Os discursos de gênero, raça e sexualidade são convencionalmente construídos dentro de um contexto sócio-histórico que ritualiza nossas ações performáticas. É por essa convenção que normas de identificação dos sujeitos são estabelecidas. Tais normas geram ideologias hábeis para sustentar percepções do mundo essencialista que impõem ideias e atitudes, muitas vezes imperceptíveis, contrárias aos indivíduos que desafiam o discurso hegemônico. Essas ideologias, inseridas em um momento histórico, colaboram para a construção dos papéis de masculinidade, feminilidade e raça. Com base na perspectiva de linguagem como performance, ou seja, de que agimos por meio da linguagem e fazemos coisas com a linguagem nos corpos (AUSTIN, [1962]1990; DERRIDA, [1972]1988; BUTLER, 1997); da perspectiva de que tanto gênero como raça e sexualidade são construções culturais, históricas, sociais, discursivas e/ou performativas (BUTLER, 2004; SEDGWICK, [1990]2008; MUÑOZ, 1999) e de que esses discursos viajam pelo tempo e vão se apropriando de novos sentidos (BLOMMAERT, 2010), este simpósio pretende reunir pesquisas preocupadas com a relação gênero-raça-sexualidade, discursos e seus efeitos identitários, políticos, culturais e corpóreos, intensificando o debate na seara dos estudos linguísticos e linguísticos aplicados. Visamos ainda tanto promover e compartilhar conhecimentos teóricos, metodológicos e analíticos quanto debater os desafios acarretados na contemporaneidade pelas diferentes abordagens sobre as temáticas mencionadas. Considerando que vivenciamos um debate importante na sociedade sobre gênero, raça e sexualidade, acreditamos que essa discussão é fundamental para compreendermos a construção das subjetividades e sua intercessão nos estudos de gênero-raça-sexualidade e de discurso no contexto brasileiro em tempos de alta reflexividade sobre nós mesmas/os (RAMPTON, 2006).
Organizadores: Ricardo Augusto de Souza e Lilian Cristine Hübner
Ao lado dos estudos sobre a aquisição de linguagem, os estudos sobre os mecanismos e arquiteturas cognitivas que oferecem suporte ao processamento da linguagem por humanos compõem um objeto central da investigação científica em Psicolinguística e também em Neurolinguística. Na atualidade, este nicho de investigação proporciona bases empíricas sobre as quais pode se dar o cotejamento de modelos representacionais dos diversos níveis de organização linguística. Igualmente, os estudos da área permitem a exploração de hipóteses sobre o papel de subcomponentes de funções cognitivas na produção e na compreensão de enunciados linguísticos em diversos graus de complexidade organizacional. Neste simpósio, congregam-se trabalhos que se debruçam sobre questões relativas à temática da linguagem e da cognição, a partir de análises pautadas por abordagens experimentais, do processamento da linguagem típica e atípica, em populações mono e bi/multilíngues, incluindo as línguas de sinais. Dentre os tipos de linguagem atípica, encontram-se, por exemplo, a linguagem nos diferentes tipos de demência, no comprometimento cognitivo leve, nas lesões de hemisfério direito e esquerdo e afasias, na dislexia, nos transtornos específicos da linguagem, na gagueira. O simpósio acolhe trabalhos de interface com áreas como a Psicolinguística, a Neurolinguística, a Psicologia Cognitiva, a Fonoaudiologia e a Pedagogia. No tocante ao formato, este simpósio temático, cuja duração será de 3 horas, contemplará a apresentação de 10 trabalhos, cada um com 15 minutos de duração. Ao final das apresentações, serão disponibilizados 30 minutos para discussões sobre os trabalhos apresentados. A temática aqui proposta é mais bem abordada em um simpósio temático em função da matriz epistemológica tradicionalmente compartilhada pelos estudos que o compõem: o emprego do método experimental, apoiado por modelagens estatísticas inferenciais para a testagem de hipóteses. A reunião de trabalhos inseridos em tal matriz epistemológica em um simpósio temático encerra a possibilidade de que as discussões geradas pelos participantes possam trazer aos apresentadores interlocuções que não apenas abarcam o possível interesse teórico e descritivo de seus trabalhos, mas que possivelmente contribuam para o amadurecimento técnico das pesquisas produzidas nesta área de investigação no Brasil. Entendemos que o caráter eminentemente transdisciplinar desta proposta, somado a seu foco na linguagem em interface com processos cognitivos tanto normais quanto atípicos, em contextos monolíngues e bi/multilíngues, a tornam um simpósio que dialoga de maneira explícita com o temática dos desafios, debates e propostas para a “A Linguística na Contemporaneidade”, que é a tônica do XI Congresso Internacional da ABRALIN.