Doações

FUNDO EMERGENCIAL COVID-19 PARA OS POVOS INDÍGENAS BRASILEIROS

A pandemia do coronavírus desencadeou uma ameaça sem precedentes aos Povos Indígenas brasileiros. As ações para proteger essas populações que correm grande risco são insuficientes, desarticuladas e chegam tarde; a assistência emergencial básica é muito precária.

Novos casos são relatados diariamente. Vários povos indígenas foram contaminados e muitos morreram, alguns entre os últimos falantes de suas línguas. Os anciãos indígenas, guardiões de milhares de anos de conhecimento ancestral, estão morrendo com sintomas da COVID.

Medidas emergenciais precisam ser tomadas para apoiar essas populações frágeis. Há fome, doença e morte em suas aldeias.

Não há tempo a perder. Sem financiamento imediato e intervenções para salvar vidas, para fornecer o essencial para a sobrevivência, para fortalecer os sistemas de saúde e manter serviços de rotina dos povos indígenas no Brasil, vários deles morrerão devido ao impacto direto e indireto da COVID-19.


Ouça o apelo de Noam Chomsky

 

A Associação Brasileira de Linguística – Abralin está trabalhando com organizações indígenas para fornecer ajuda humanitária às comunidades indígenas afetadas pela crise da COVID-19. Sua doação a este fundo ajudará as comunidades na linha de frente da crise com recursos que precisam para agir rapidamente e proteger imediatamente os mais vulneráveis.

Todos os fundos arrecadados para o Fundo de Resposta Emergencial COVID-19 da Abralin para os Povos Indígenas Brasileiros vão diretamente para apoiar as organizações indígenas na linha de frente da COVID-19.

Leia o relato do uso das primeiras doações aqui.

FUNDO ARYON RODRIGUES

A Organização das Nações Unidas declarou o ano de 2019 o Ano Internacional das Línguas Indígenas. Muitos estudiosos advogam que no fim do século XXI, 90% das línguas do mundo terão sido substituídas por línguas chamadas dominantes. De acordo com a UNESCO, 190 línguas indígenas correm o risco de desaparecer no Brasil.

A extinção de uma língua significa uma perda irrevogável de uma herança cultural da humanidade. A perda da diversidade cultural significa a perda de conhecimentos (botânicos, médicos, linguísticos, etc.) que são essenciais para a humanidade. A maior perda é, sem dúvida, das comunidades indígenas, uma vez que uma língua e suas variantes constituem um elemento fundamental da identidade de um grupo, sendo veículo de tradições e conhecimentos milenares.

Há, em todo o mundo, iniciativas de entidades públicas e privadas que apoiam e financiam projetos de documentação e descrição de línguas indígenas. Essas ações são extremamente importantes, tanto do ponto de vista científico, quanto do ponto de vista social. Documentar e descrever línguas é fundamental para o processo de preservação de línguas indígenas ameaçadas de extinção e uma etapa bastante útil no processo de revitalização de línguas ameaçadas de extinção.

O objetivo do Fundo Aryon Rodrigues é financiar projetos de documentação e de descrição de línguas indígenas brasileiras. O fundo será gerido pela Associação Brasileira de Linguística.

O que é a Associação Brasileira de Linguística?

A Associação Brasileira de Linguística (ABRALIN) é uma sociedade civil, sem fins lucrativos, destinada a congregar os profissionais da linguística, com o objetivo de promover, desenvolver e divulgar entre os interessados os estudos de linguística teórica e aplicada no Brasil, promovendo reuniões científicas, cursos e publicações. Foi fundada em 9 de janeiro de 1969, em assembléia presidida por Joaquim Mattoso Câmara Júnior, em São Paulo. Sua sede inicial se localizou em Niterói, no Rio de Janeiro. Agora, a ABRALIN está sediada permanentemente na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).

Quem foi Aryon Rodrigues?

Nascido no Paraná em 1925, Aryon Rodrigues já se dedicava a estudos de línguas indígenas no curso ginasial, onde teve entre seus professores o linguista Rosário Farani Mansur Guérios, pioneiro dos estudos de línguas indígenas no Brasil. Em 1963, convidado por Darcy Ribeiro para criar o Departamento de Linguística do Instituto de Letras da UnB e seu Mestrado em Linguística, Aryon Rodrigues mudou-se para Brasília. Várias iniciativas para a introdução da linguística no Brasil tiveram Aryon Rodrigues entre os seus promotores, como a realização dos Institutos de Linguística, o lançamento de Estudos Linguísticos: Revista Brasileira de Linguística Teórica e Aplicada e a criação da Associação Brasileira de Linguística (ABRALIN), da qual foi o primeiro presidente. Em 1965, no I Seminário de Orientação Linguística para Professores do Ensino Médio e Universitário, Aryon proferiu a conferência “O linguista de campo: sua formação e tarefas”, que serviu de base para que ele redigisse o artigo “Tarefas da Linguística no Brasil”, onde tratava de diversas questões, mas que é, no meio dos linguistas indigenistas, considerado um manifesto em defesa do estudo das línguas indígenas brasileiras.

O Professor Aryon Rodrigues trabalhou incansavelmente para que as línguas indígenas brasileiras fossem objeto de estudo nas universidades, na UNICAMP, na UnB, orientando, proferindo palestras, ministrando cursos, formando, incentivando. Um grande número de línguas indígenas foram descritas por linguistas que ele formou. Outro tanto por linguistas que seus orientandos formaram. E mais ainda continuam sendo descritas, estudadas, revitalizadas sob a égide do seu esforço pioneiro. E é por isso que fechamos este mês dedicado à área da Linguística Indigenista com o seu perfil, propondo-lhe o título de Patrono da Linguística Indigenista.

O que é o Fundo Aryon Rodrigues?

O Fundo Aryon Rodrigues funcionará como uma plataforma de financiamento, baseada em doações de pessoas físicas e jurídicas, para projetos de documentação e descrição de línguas indígenas brasileiras. O fundo será gerido pela Associação Brasileira de Linguística (ABRALIN). Projetos de documentação e descrição de línguas costumam ser complexos e bastante onerosos, porque envolvem viagem a campo, manutenção de pesquisadores em campo, utilização de equipamentos caros, pagamento de informante e pagamento de especialistas para a realização de diversas tarefas. Além disso, projetos de documentação e descrição de línguas costumam ser extensos, porque envolvem atividades que demandam bastante tempo para realização. Os produtos desse tipo de projeto são extremamente importantes para a ciência, mas sobretudo para as comunidades cujas línguas são documentadas e descritas.

Como meta para lançamento do primeiro edital de financiamento de projetos de documentação e descrição de línguas indígenas brasileiras, a ABRALIN estipulou uma quantia de R$ 500.000,00. Todo esse valor será utilizado exclusivamente para o financiamento de projetos que atendam às exigências estabelecidas em edital específico para esse fim. As propostas de projeto enviadas à ABRALIN serão avaliadas por especialistas na área, escolhidos a partir de critérios que evitem conflitos de interesse.

Acreditamos firmemente que é papel de nossa sociedade engajar-se no compromisso de evitar o desaparecimento de línguas indígenas no Brasil. Diante do atual contexto de pouquíssimo investimento público em pesquisa científica, propomos esta alternativa para financiamento de projetos de documentação e descrição de línguas indígenas brasileiras. Contamos com a participação de todos.

As doações podem ser feitas de maneira recorrente ou pontual, a partir da Plataforma Catarse.