Os poderosos podem matar uma, duas ou três rosas, mas jamais deterão a primavera! Desde o golpe de 2016, a esperança de um país mais justo e igualitário nos tem sido ceifada, pétala por pétala. São direitos adquiridos invalidados, investimentos em educação, saúde e infraestrutura congelados, defensores dos direitos humanos assassinados, riquezas nacionais entregues ao setor privado nacional e internacional. Tudo muito rápido, com a força de um vendaval em um jardim ainda novo. Muitos de nós assistimos a esse miserável espetáculo ainda atônitos; muitos sequer chegaram a perceber o seu poder devastador. A prisão de um dos maiores líderes políticos que o Brasil já teve é consequência do mau tempo que paira sob nós. A ação é significativa: tem o poder de mostrar a nefasta injustiça do temporal que é estado de exceção.
Em uma situação tão grave como esta, não é possível assumir o papel de pretensa neutralidade. A Associação Brasileira de Linguística, composta por estudiosos da linguagem, muitos dos quais defendem em seus trabalhos que discurso é ação e que não há discurso sem posicionamento, vem assumindo publicamente e sem eufemismo o lado de seus representantes. Assume-o porque tem a convicção de que representa a maioria de seus associados: estudiosos e educadores sérios, que acompanharam o progresso da ciência e da educação na era Lula, e que agora têm verificado a inexorável destruição de todo o trabalho feito naquele momento.
A nós nos cabe protestar por cada rosa podada no jardim da democracia. Esta nota pública serve a este propósito. A ABRALIN repudia a prisão do presidente Luís Inácio Lula da Silva. Querem, com esta ação, ceifar a ideia que ele representa: de um país mais justo e igualitário. Mas essa ideia já está pairando no ar e não tem como prendê-la. Aqui renovamos a nossa resistência. Não vamos nos calar diante do arbítrio e da injustiça. A nossa luta é em busca da primavera.
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A Direção
Associação Brasileira de Linguística
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