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A Linguística e a Antropologia no Brasil perderam na 2ª feira, dia 3/5/2021, Maria do Socorro Pimentel da Silva, em decorrência de complicações causadas pela Covid-19. Socorro, como era conhecida pelos colegas, amigos, alunos, era professora da Faculdade de Letras e do curso de Educação Intercultural da Universidade Federal de Goiás. Ela participou ativamente da criação de campanhas para apoiar os povos indígenas no enfrentamento da pandemia e foi ela própria uma vítima. Lutou e resistiu enquanto pode. É com imensa tristeza que todos recebemos a notícia do seu falecimento.

Socorro foi aliada e parceira dos povos indígenas; uma educadora incansável na luta por uma Universidade pública plural, diversa e inclusiva. Entre suas muitas contribuições, registre-se que ela foi a idealizadora do curso de licenciatura em Educação Intercultural da UFG e a responsável pela criação do Núcleo Takinahakỹ de formação superior indígena, que hoje forma professores indígenas de 27 povos do Brasil Central. Batalhou sem trégua para tornar esse sonho realidade, sempre se guiou pela pedagogia da esperança e do amor. Socorro criou também, pioneiramente, há cerca de quarenta anos, quando pouco se ouvia falar de retomada de línguas indígenas, o projeto Maurehi de revitalização linguística e cultural dos Karajá da aldeia de Buridina, em Aruanã, Goiás. Foi também bolsista de produtividade em pesquisa do CNPq, registrando-se em seu CV Lattes mais de oitenta publicações, na forma de livros, capítulos e artigos. Seus colegas e alunos são gratos pela oportunidade de conviver, trabalhar e aprender com ela. Solidarizamo-nos com seus familiares, orientandas, orientandos, alunos, alunas, amigos e amigas.

Kaxiwera, um xamã Tapirapé/Karajá, que vinha acompanhando o tratamento da Socorro contou, a uma colega, que a via caminhando em direção a um grande lago sagrado de águas cristalinas e cheio de belezas. Que ela esteja em paz e indo em direção a um lindo lugar de descanso, como o lago descrito por Kaxiwera, repleto das belezas do Araguaia que ela tanto amou. Awire!

Manuel Ferreira Filho (antropólogo, UFG)
Marcus Maia (linguista, UFRJ)
Rosani Moreira Leitão (Museu Antropológico, UFG)