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Não é papel de governos democráticos interferir de maneira discriminatória no fazer científico. Dois episódios recentes, ainda que burlescos, demonstram claramente os posicionamentos autoritários, com consequências potencialmente desastrosas, de líderes do governo ilegítimo que assumiu o poder no golpe de 2016 e de seus apoiadores. O primeiro deles foi a declaração do atual ministro da Educação de que vai acionar órgãos de controle para apurar aquilo que chamou “improbidade administrativa” por partes dos responsáveis pela criação da disciplina na Universidade de Brasília (UnB) chamada “O golpe de 2016 e o futuro da democracia no Brasil”. O Ministro da Educação parece ignorar que a constituição e a LDB determinam autonomia pedagógica, administrativa e de gestão financeira nos estabelecimentos de ensino superior. O segundo episódio diz respeito à intimidação feita pelo Ministério Público Estadual de São Paulo ao Prof. Elisaldo Carlini por suspeita de que a pesquisa desenvolvida pelo professor sobre o efeito das drogas e, em especial, o uso medicinal da maconha, apresentaria “fortes indícios de apologia ao crime”. A intimidação, além de ser uma violação explícita da liberdade de investigação científica, indica claramente uma falta de compreensão do que é ciência por parte dos atuais representantes dessas instâncias governamentais. A Associação Brasileira de Linguística (ABRALIN) apoia incondicionalmente a autonomia pedagógica e científica de professores e pesquisadores, afirmando assim o seu compromisso com a Ciência e a Educação, e repudia veementemente as ações acima citadas. A ABRALIN, através de seus representantes, está em constante vigília e sempre denunciará e repudiará as ações retrógradas, ilegais e nefastas que o atual governo ilegítimo tem perpetrado contra a Ciência e a Educação no Brasil.

Maceió, 24 de fevereiro de 2018.

Miguel Oliveira, Jr.
Presidente da ABRALIN
Gestão 2017-2019