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No último dia 20 de março, a Associação Brasileira de Linguística participou do Fórum Permanente das Sociedades Científicas Associadas à SBPC, em São Paulo. O encontro reuniu cerca de 80 representantes de sociedades científicas de todo o País para discutir e definir estratégias de ações para ciência, tecnologia, inovação e educação em 2018. Estiveram também presentes neste encontro representantes do CNPq, da Capes e da Finep, que apresentaram um panorama atual dos organismos e planos para 2018. Há um reconhecimento por parte desses representantes da falta de recursos para financiamento de pesquisa. Como proposição, foram elencadas algumas ações, entre elas: (i) articulações entre agências de fomento e entre fundações estaduais de apoio à pesquisa; (ii) criação de fundo privado; (iii) abertura de editais temáticos, baseados em demandas financiáveis. Para um relato mais detalhado do encontro: https://goo.gl/LGTeKJ

O discurso dos representantes das principais agências brasileiras de fomento à pesquisa evidenciou um problema alarmante: a falta de política institucional de investimento em pesquisa nas áreas das Ciências Humanas. As propostas apresentadas, sobretudo no que se refere a editais temáticos, não contemplam diretamente nenhuma das áreas das Ciências Humanas. O movimento que se quer abraçar de aproximação da iniciativa privada é acompanhado pelo compulsório interesse do Mercado, que tradicionalmente ignora a importância da pesquisa em Ciências Humanas, Sociais e Sociais Aplicadas, a despeito de representarem 38% da comunidade de ciência, tecnologia e inovação no Brasil. O argumento dominante é o de que não existem recursos para pesquisa em todas as áreas e que áreas tidas como prioritárias para a realidade brasileira devem ser favorecidas. A linha pragmática de ação equivoca-se na discriminação de áreas prioritárias ao preterir as Ciências Humanas. É um fato, só a título de ilustração, que uma das principais preocupações sociais do Brasil atualmente é a violência urbana. São as Ciências Humanas que têm propriedade para refletir adequadamente acerca de suas causas e de propor soluções.

A ABRALIN discorda das estratégias de financiamento em discussão pelas agências nacionais de fomento à pesquisa, que evidenciam um desequilíbrio no tratamento das Ciências Humanas em relação a outras áreas do conhecimento, e considera fundamental que a comunidade esteja a par dessas discussões. Como uma associação que preza pela justa disseminação do conhecimento em todas as áreas da investigação científica, a ABRALIN defende que políticas efetivas de apoio à pesquisa nas áreas das Ciências Humanas sejam imediatamente implementadas pelas agências brasileiras de fomento à pesquisa e conclama a comunidade a reivindicar que essas agências negociem com as associações representativas das áreas das Ciências Humanas, Sociais e Sociais Aplicadas, ainda para 2018, estratégias de financiamento equilibradas e justas, reconhecendo o importante papel dessas áreas para a sociedade. Nesse sentido, convidamos a todos que assinem o seguinte abaixo-assinado: https://chn.ge/2DS2wR1.

A ABRALIN reconhece que a postura do Governo Federal para a ciência de uma maneira geral não se distancia de uma série de medidas adotadas a partir do golpe de 2016, a saber: a extinção do Ministério de Ciência e Tecnologia, a aprovação da PEC do teto de gastos, o corte de verbas para as Universidades, entre outras ações que atingem o ensino e pesquisa de forma direta e indireta. Os resultados alarmantes deste conjunto de medidas já podem ser visíveis e sentidos por professores e pesquisadores, sejam nas universidades ou instituições ligadas ao ensino e/ou à pesquisa. A ABRALIN compreende que uma solução mais efetiva para a reversão deste quadro está nas mãos de cada cidadão que elegerá o representante máximo do País em outubro deste ano; entretanto, escolhe não esperar e não se calar. “Quem sabe”- já dizia a música de protesto de uma outra ditadura – “faz agora”.

Maceió, 25 de março de 2018.

Associação Brasileira de Linguística.