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Neste momento de preocupação com a ciência e a cultura brasileiras, temos, todas e todos, buscado forças para resistir aos ataques diuturnos à Universidade, às associações científicas e às agências de fomento. Alegra-nos, pois, encontrar exemplos de resistência e resiliência em que possamos nos mirar.

A ABRALIN tem hoje motivos para se orgulhar, compartilhando com toda a comunidade a celebração dos 92 anos de uma incansável militante da resistência ao arbítrio que já esteve à sua frente: a linguista, poeta, educadora e ex-presidente da ABRALIN Leonor Scliar-Cabral.

Leonor formou-se num momento em que a Linguística sequer era institucionalizada no Brasil. Foi aluna de Mattoso Camara, Aryon Rodrigues, Luis Jorge Prieto e Heles Contreras. Frequentou inúmeros cursos de verão nas reuniões da Linguistic Society of America. É autora de muitos livros, dentre os quais alguns em que deu asas à sua vocação poética. Foi a fundadora da Psicolinguística no Brasil. Formou dezenas de docentes das melhores universidades brasileiras. Já aposentada, voltou-se para uma das mais tristes marcas da desigualdade no nosso país: o analfabetismo.

Mesmo confinada durante a pandemia, continua levando palavras de incentivo e esperança aos professores do ensino fundamental que vêm aplicando o seu método de alfabetização – com notável sucesso.

O método é um misto de ciência e arte. Empodera o professor com a compreensão do sistema fonológico do português brasileiro e das condições neuropsicolinguísticas para a alfabetização, e, ao mesmo tempo, encanta crianças de todas as idades com narrativas envolventes que, com delicadeza poética, mergulham o instrutor e o aprendiz na leitura e na escrita.

Tomemos, então, a oportunidade desta data para agradecer à querida Leonor esses 92 anos de dedicação ao saber e à solidariedade; e desejemos-lhe saúde e vida longa, para que possa continuar semeando paz, lucidez, esperança e sabedoria nos caminhos por onde passar.